A comemoração dos 15 anos da Confederação dos Meios de Comunicação Social, ontem, foi pretexto para voltar a colocar em cima da mesa o tema dos conteúdos online pagos. O assunto tem sido alvo de debate a nível nacional e internacional mas ainda não existe um modelo universal de sucesso para compensar quem produz conteúdos, pela sua disponibilização no canal online. Isto embora já existam vários fornecedores a cobrar pelo acesso online a informação, seja a nível nacional ou internacional.

Paulo Fernandes, presidente do grupo Cofina, que gere títulos como o Jornal de Negócios, o Correio da Manhã ou o Record disse no encontro - como cita o Diário Económico - o que já tinha afirmado à revista do grupo, a Sábado. Segundo afirma, a Cofina tem planos para se tornar o primeiro grupo de media português a cobrar pelos seus conteúdos online.

O responsável voltou no entanto a defender que uma estratégia deste tipo apenas terá sentido se os diversos grupos forem coesos. "Se um cobrar por um conteúdo online e outro não, isto não vai resultar".

Títulos como A Bola, o Público ou o Expresso já hoje cobram por alguns dos seus conteúdos, quando dão acesso online a determinados conteúdos da edição impressa, mas nenhum grupo tem uma estratégia transversal de conteúdos online pagos, como Robert Murdoch quer fazer com o seu portefólio de media.

A News Corp, gerida pelo empresário australiano, inclui títulos como o The Sun, The Times ou The Wall Street Journal, alguns deles já com conteúdos pagos, mas o gestor pretende unir o sector numa abordagem transversal à questão que, segundo defendeu no ano passado, deveria passar pela criação de um consórcio de empresas e ter em atenção o modelo implementado pelo WST, que já reúne mais de um milhão de subscritores.

Em Portugal as opiniões divergem entre actores, pelo menos em relação aos timings de implementação de medidas concretas sobre o assunto. José Freire, director de planeamento estratégico da Impresa, também afirmou ao DE que quando estiverem criadas as condições "iremos seguir esse caminho". Até lá, há "muitas coisas que têm de mudar", defende o responsável, que prefere esperar por um modelo testado a nível internacional.

Sonaecom (que já oferece alguns conteúdos pagos no Público) e Controlinveste não mostram intenção de avançar para já com alterações ao actual modelo de disponibilização de conteúdos online. Pedro Pedro, administrador do Público, assegura que o grupo está atento às alterações que sabe vão acontecer nesta área, enquanto Nuno Ribeiro, do grupo que gere o DN, a TSF e o Jogo, diz que estão em análise as possibilidades técnicas necessárias e os estudos para perceber aquilo por que o utilizador está disposto a pagar, com a cautela que o actual momento exige.

Outros intervenientes do mercado advogam soluções mais genéricas, como o presidente do Observatório da Comunicação (Obercom), Gustavo Cardoso, citado pelo Correio da Manhã a defender a criação de uma taxa a incluir na factura do serviço de Internet, que seria distribuída pelos fornecedores de conteúdos como forma de compensação pelo acesso a conteúdos on-line.