A linha telefónica criada pelo Reino Unido para receber denúncias de alegados terroristas ou atos suspeitos foi alvo de um ataque informático, reconheceram hoje os serviços secretos ingleses.

De acordo com a informação avançada pela AFP, os hackers gravaram chamadas telefónicas feitas entre os funcionários da linha de combate ao terrorismo e fizeram eles próprios chamadas para o serviço, das quais também guardaram registos.

"Foram também gravadas conversas entre a polícia metropolitana e o pessoal da linha de denúncias anti-terrorismo", acrescentou o porta-voz da Scotland Yard, citado pela agência noticiosa.

Este apresenta-se como o segundo ataque informático de que os serviços de inteligência britânicos são alvo em poucos meses, depois de, em fevereiro, o Anonymous ter reclamado a autoria de um ataque e divulgado uma conferência telefónica em que membros da Scotland Yard e do FBI discutiam ações conjuntas.

Na altura, as autoridades britânicas afirmaram estar convencidas de que nenhum dos seus sistemas tinha sido atacado. Já os serviços secretos americanos comunicaram ter aberto uma investigação criminal para averiguar o incidente.

Desta vez os serviços de inteligência britânicos vieram a público reconhecer o problema, acrescentando que foi colocada em marcha uma investigação, levada a cabo pela unidade de cibercrime da Scotland Yard.

Porém, "a linha anti-terrorismo continua operacional e continuamos a incentivar as pessoas a reportarem qualquer atividade suspeita à polícia", fez questão de realçar o porta-voz das autoridades. "As denúncias públicas são uma parte importante da luta contra o terrorismo e qualquer tentativa de perturbar este serviço será investigada a fundo", acrescentou.

A utilização do serviço tem sido amplamente incentivada pelas autoridades do país, como meio de reportar atividades consideradas suspeitas em que é assegurada a confidencialidade de quem faz a denúncia. O acesso às chamadas por terceiros apresenta-se, por isso, como uma ameaça àquela que devia ser a principal garantia para quem recorre ao serviço: privacidade.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Joana M. Fernandes