A IBM Security revelou os resultados de um estudo realizado a nível global dedicado aos comportamentos digitais dos consumidores durante a pandemia. E o respetivo impacto, a longo prazo, na cibersegurança. A pandemia de COVID-19 veio acelerar a adoção do digital e a mudar os hábitos de consumo dos cidadãos que se viram privados de sair de casa durante os períodos de confinamento.
Nesse sentido, e com a sociedade cada vez mais habituada às interações digitais, o estudo da IBM evidencia que as preferências resultantes da conveniência muitas vezes superaram as preocupações de segurança e privacidade entre as pessoas. E isso levou a escolhas menos conscientes no que diz respeito às palavras-passe escolhidas nos registos de novos serviços e aplicações, colocando em risco a cibersegurança.
Os especialistas da empresa dizem que houve uma abordagem descontraída dos consumidores face à segurança, que foi aliada à rápida transformação digital das empresas durante a pandemia. E isso pode dar aos atacantes novas oportunidades para executar ciberataques em todas as indústrias, desde o ransomware como o roubo de dados. E esses maus hábitos de segurança pessoal são transportados para o local de trabalho, causando incidentes de segurança dispendiosos para as empresas. E as credenciais de utilizador que foram comprometidas, representaram uma das principais fontes de ataques em 2020.
Credenciais reutilizadas numa média de 15 novas contas abertas em apps e serviços durante a pandemia
O estudo realizado pela IBM baseou-se num inquérito global de 22 mil participantes, baseados em 22 mercados. Nas suas conclusões, é referido que os cidadãos criaram uma média de 15 novas contas online durante a pandemia, ou seja, milhares de milhões de novas contas criadas em todo o mundo. 44% dos inqueridos planeiam manter essas contas, aumentando a sua pegada digital nos próximos anos, o que poderá expandir a superfície de ataques dos cibercriminosos.
Como consequência do aumento da abertura das novas contas, o estudo refere 82% dos utilizadores admitem reutilizar as mesmas credenciais. Isso significa que a maioria das novas criadas durante a pandemia, podem ter sido utilizadas credenciais anteriormente comprometidas.
Veja na galeria algumas das respostas em maior pormenor do inquérito:
Os millennials têm maior aptidão para fazer encomendas através de apps e websites, e 51% diz que prefere encomendar em páginas potencialmente inseguros, do que o contacto ou visita à própria loja. Assim, os utilizadores estão mais propensos a ignorar as preocupações de segurança, dando prioridade à conveniência da encomenda digital. Os especialistas dizem que a preocupação terá de recair mais fortemente sobre as empresas que prestam os respetivos serviços para evitar fraudes.
“A pandemia levou a um enorme aumento de novas contas online, mas a crescente preferência da sociedade pela conveniência digital pode ter um custo para a segurança e privacidade dos dados", disse Charles Henderson, Global Managing Partner and Head of IBM Security X-Force. Destaca que as empresas devem adotar medidas adicionais de segurança, incluindo a autenticação multifatores, mas sobretudo, passar para uma abordagem zero trust, aplicando IA e analítica durante o processo para detetar potenciais ameaças.
Outros dados conclusivos no estudo dizem respeito ao tempo gasto a criar uma nova conta: 59% dos adultos espera gastar menos de 5 minutos na sua criação. Um dado curioso diz respeito ao número de vezes que os inqueridos gastam a tentar fazer a autenticação. A nível global, apenas três ou quatro tentativas, em média, são feitas antes de proceder à redefinição da palavra-passe. E a IBM diz que estes resets custam dinheiro às empresas, mas podem representar ameaças à segurança quando combinados com contas de email anteriormente comprometidas.
Dos utilizadores que criam novas contas, 44% dos inqueridos dizem que decoram as credenciais na memória, ao passo que 32% registam a informação num papel. O estudo diz ainda que dois terços dos inqueridos utilizaram a autenticação multifator nas últimas semanas após terem sido inqueridos.
Durante a pandemia houve um aumento na interação entre os utilizadores e prestadores de serviços relacionados com a pandemia, e 63% dos consumidores utilizam os canais digitais, seja pela web, apps, email ou SMS. Sobre os certificados digitais para a saúde, 65% dos adultos em todo o mundo estão familiarizados com a tecnologia e 76% diz que os adotariam caso se tornem aceites de forma geral.
Esta espontaneidade de fornecer dados pessoais a estes serviços, como provas de identidade digitalizadas durante a pandemia, poderá impulsionar a adoção de sistemas modernizados de identidade digital, tais como cartas de condução ou passaportes. No entanto, a IBM apela à necessidade de serem implementadas mais proteções de segurança para evitar fraudes e contrafação. Para tal devem ser utilizadas soluções de blockchain.
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