Mais de 6 mil participantes, cinco mil metros quadrados de exposição, 150 projetos de investigação e desenvolvimento escolhidos para estarem em destaque, mais de 120 oradores e mais de uma centena de sessões de networking. Os números traduzem a dimensão do principal evento de TIC na Europa, o ICT2015, que este ano se realiza pela primeira vez em Lisboa, depois de uma candidatura apresentada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), mas a realidade da inovação não se mede apenas pelo investimento feito, nem prelo número de projetos apoiados nos programas quadro de financiamento.

Na cerimónia de abertura da conferência, os vários oradores destacaram a importância das TIC na transformação da economia e da sociedade, mas não esconderam o facto de que a Europa está atrasada nesta área, e que precisa de acelerar para conquistar o seu espaço faca a concorrentes norte americanos mas também asiáticos.

O comissário Günther Oettinger lembrou que é de uma geração mais “antiga” mas que a revolução digital é global e imparável. E apontou algumas áreas onde a Europa precisa de investir oara recuperar a competitividade.

Mais direto, Hans-Olaf Henkel, do Parlamento Europeu, defendeu mesmo que conseguir implementar um Mercado Único Digital pode ser a última oportunidade que a Europa tem de reconquistar a competitividade e recuperar o seu papel na economia e no mundo global.

O membro do Parlamento Europeu que já foi presidente da IBM para a área da Europa e Médio Oriente, lembrou que começou a trabalhar na Big Blue ainda com cartões perfurados, mas que nas últimas décadas muita da indústria tecnológica europeia desapareceu, recordando nomes como a Bull, Nixdorf, Olivetti e ICL.

Recorrendo ao modelo médico de diagnóstico, prognóstico e tratamento, Hans-Olaf Henkel defende que falta à Europa o sistema e filosofia de inovação. Porque não somos mais inovadores? Porque o custo de fazer negócios é elevado, o custo de criar negócio é muito alto. E a Europa fez várias escolhas erradas, como atrasar a liberalização do sector das comunicações.

A solução: focar a indústria na liberdade e independência, e não na centralização, na concorrência e não na harmonização. Mas avisa que a Europa não se pode isolar.

“O mercado comum é a espinha dorsal do sucesso da Europa. É importante termos um mercado digital único interno mas também com outros países, como os Estados Unidos, e tenho receio de que a decisão do Tribunal a propósito do Safe Harbour [mais informação aqui] possa destruir isso”, justifica apelando a uma maior abertura.

“Houve muito boas hipóteses de sermos competitivos no passado e que foram bem aproveitadas pelos concorrentes americanos e asiáticos. O Mercado Único Digital é a última hipótese da Europa manter a competitividade e a sua posição no mercado”, justifica.

Na sessão de abertura o presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, defendeu também a importância do Mercado Único Digital mas alerta que este tem de ser desenvolvido com políticas que não agravem as desigualdades e exclusões que já existem atualmente entre os cidadãos e países europeus.

O ICT2015 decorre no Centro de Congressos de Lisboa, na Junqueira, num evento fechado para o qual era necessário um registo prévio. Até dia 22 de outubro vão realizar-se várias sessões plenárias e conferências, para além de estar aberto um espaço de exposiçã de cerca de 5 mil metros quadrados.

em paralelo decorre na Praça do Comércio uma exposição aberta ao público de alguns projetos inovadores desenvolvidos na Europa.