Apresentado ainda em 2017 como um esforço integrado, transversal à sociedade civil e com vários eixos de atuação, o Programa INCoDe.2030 teve início em 2018 e com dois anos no terreno faz-se amanhã um balanço das iniciativas de promoção das competências digitais, na 3ª Conferência do Fórum Permanente para as Competências Digitais que decorre no Porto e que junta os vários intervenientes nos cinco eixos de atuação e nos vários domínios deste consórcio. Nuno Rodrigues, coordenador geral do programa, diz que já se sente uma mudança positiva e espera que em breve seja confirmada nos indicadores que a Europa publica regularmente nesta área.
Em entrevista ao SAPO TEK, Nuno Rodrigues afirma que há uma mudança significativa da forma como se aborda o digital e que coloca o foco nas pessoas, e nas suas competências, e não nas ferramentas a que têm acesso. As aplicações, as questões da privacidade e mesmo as Fake News já entraram no domínio do quotidiano e afetam a vida de toda a sociedade, mas o digital tornou-se também um tema económico e político. “O Digital está a ter uma atenção nunca antes dispensada a nível político”, refere Nuno Rodrigues, lembrando que há agora um ministério que tem a Transformação Digital no nome, o da Economia e Transformação Digital, e que também na Europa há uma vice-presidência na Comissão Europeia para esta área.
Comparando com a abordagem dominante noutros tempos, até mesmo a do “Choque Tecnológico”, o coordenador geral do InCoDe.2030 lembra que nessa altura o domínio era o da infraestrutura, em que a tecnologia era vista como um motor, uma ferramenta.
“Hoje há uma visão de pervasiveness do digital a todas as áreas, é transversal”, sublinha.
O debate centra-se principalmente na preparação das pessoas para tirarem todo o partido da revolução que vivemos. “O custo da tecnologia é cada vez mais barato e as ferramentas estão mais acessíveis. O que diferencia é o que as pessoas fazem com ela”, defende.
Colocar as pessoas no centro desta lógica obriga a uma sensibilidade para preparar o cidadão para estar capacitado para participar e construir a economia digital. “O 5G é igual aqui e na China. A diferença é a cabeça das pessoas para o utilizar, para tirar partido da tecnologia”, por isso tem de se apostar no ensino, em ter pessoas mais instruídas, capazes de resolver problemas para se conseguir ter sucesso.
Balanço em 5 eixos
A conferência é o momento de fazer o balanço das iniciativas realizadas e Nuno Rodrigues diz que serve para aferir o que se aprendeu com o programa e as áreas onde se investiu com maior retorno.
O coordenador geral do INCoDe.2030 destaca algumas iniciativas que foram realizadas e que são únicas, como por exemplo as comunidades criativas para a inclusão, onde se procuram utilizar os interesses específicos das comunidades e promover a utilização das ferramentas digitais nesse âmbito. É o caso de uma comunidade no norte do país, onde um grupo de senhoras descobriu a internet para aplicar à troca de dicas e informações sobre tricot.
Mas há mais exemplos e foram criados 10 projetos piloto em todo o país, que impactam mais de mil pessoas. “A tecnologia é uma ferramenta para alcançar um fim e nunca um fim em si”, explica Nuno Rodrigues, que defende que é nisso que tem de se investir para conseguir maior inclusão entre os que estão excluídos do mundo digital.
Na área da qualificação e formação o coordenador do INCoDe.2030 sublinha ainda o trabalho que está a ser feito na requalificação de trabalhadores ou de pessoas desempregadas, usando as suas competências analíticas e capacidade de abstração e focando-as nas tecnologias.
“Estas áreas têm uma empregabilidade acima dos 90% e não é preciso ter curso ligado à computação”, justifica, apontando o projeto Switch como um bom exemplo.
Também na área da investigação a conferência vai trazer vários exemplos de como é possível para a Administração Pública trabalhar com as universidades para desenvolver tecnologia que permita serviços mais inteligentes.
Preocupações de evolução
Este é um programa que Nuno Rodrigues lembra que se faz em modo de continuidade, e que tem de ser ajustado porque o mundo evolui e a tecnologia também. Em resposta ao SAPO TeK, o coordenador do INCode.2030 mostra-se optimista em relação aos resultados já alcançados e à sua continuidade no futuro, mas lembra que o programa é apenas uma peça de um puzzle mais vasto que tem outros instrumentos para atuar a nível da economia, nomeadamente em relação ao domínio das empresas, uma fatia muito significativa das quais continua afastada da economia digital, em especial as pequenas e micro empresas.
“Temos necessidade de preparar os recursos humanos”, refere, falando das empresas, que com colaboradores mais qualificados conseguem um aumento da produtividade, mas lembrando que todos os domínios da sociedade têm de avançar ao mesmo tempo: os jovens que estão agora na escola a ser formados, as pessoas que estão no mercado de trabalho e os séniores, que também não podem ser deixados de fora.
A 3ª Conferência do Fórum Permanente para as Competências Digitais decorre amanhã no Porto, no Centro de Congressos da Alfândega, e as informações sobre o programa INCode.2030 podem ser encontradas no site da iniciativa.
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