Mikko Hyppönen descreve-se como um caçador de hackers. Tecnicamente, é o CRO da F-Secure, uma empresa finlandesa de cibersegurança com várias décadas de experiência no mercado que tem assistido com um papel ativo à metamorfose que se tem desenrolado entre os hackers.
De há uns anos para cá, foi o poder que os transformou. “No princípio os governos não quiseram saber dos hackers”, mas Hyppönen, tal como toda a gente, repara que, atualmente, poder político e especialistas da invasão digital, consagram um matrimónio produtivo.
Ainda no rescaldo das presidenciais norte-americanas, Hyppönen diz não acreditar que o governo russo tenha hackeado as eleições, “não porque não tentaram, mas porque não conseguiram”. “Hackear as eleições norte-americanas seria muito difícil, mas o próprio FBI mostrou que houve tentativas de entrar no sistema eleitoral norte-americano de alguns estados onde o voto é electrónico”, revelou.
Contudo, a invasão destes sistemas não é impossível e é por essa e por outras fragilidades que o finlandês não defende a transição do voto para a internet. “Votar online é tentar resolver um problema que não existe. Tudo bem, os resultados podem aparecer mais depressa, mas mesmo hoje em dia já aparecem depois de algumas horas do fecho das urnas. Há mesmo necessidade de mudar isso tendo em conta os riscos?”.
Um ponto incontornável a esta apresentação eram os leaks que trouxeram a público os emails de Hillary Clinton e o CRO da F-Secure fez questão de não o contornar. O mote para a suspeita de que a Rússia estava envolvida foi dado assim que a Wikileaks os publicou. Em setembro, numa entrevista à Bloomberg, Vladimir Putin foi confrontado com a hipótese: “Quem hackeou os democratas?”. “Não interessa quem foi. Acham que vale a pena iludir as pessoas com a suposta autoria do ataque? É o conteúdo dos emails que está em causa”, respondeu.
Do governo ou não, Hyppönen revelou que o malware que deu acesso aos emails de Hillary Clinton, deixou rasto até à Rússia e avisou o público de que a ciberguerra pode afetar qualquer um. Prova disso é que já no princípio do ano, também da Rússia, um grupo de hackers conseguiu desligar uma central eléctrica ucraniana que deixou milhares de pessoas sem energia em pleno inverno.
“Nada é impenetrável, nem as instituições” e isso tem de levar os utilizadores a tomar medidas até porque hoje, como disse o orador, “tudo é feito de software”.
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