Ainda só é usada no concelho do Porto a plataforma colaborativa que permitirá aos alunos do primeiro e segundo ciclo do ensino básico criar e partilhar trabalhos entre si, mas a experiência com alunos do Porto já faz ascender a 18 mil o número de utilizadores, entre professores, alunos e encarregados de educação.

Os testes no Porto decorreram no âmbito do projecto Crescer Interactivo da Câmara Municipal da cidade e do Porto Digital e experimentaram a utilização de uma plataforma que permite a troca de conteúdos, não apenas dentro da sala de aula, mas entre turmas ou escolas.

O carácter social assume especial relevância no www.escolinhas.pt, que dá espaço para a utilização de ferramentas como wikis, blogs, chat ou uma rede social, sempre adaptadas aos ambientes escolares que se dirigem.

A experiência acumulada permitiu perceber que os alunos valorizam sobretudo a possibilidade de poder escrever sobre si, fazer desenhos e comunicar com outros utilizadores através de chat, explica um dos responsáveis do projecto Ademar Aguiar. Sendo uma plataforma pensada para crianças com idades entre os 6 e os 12 anos, a segurança é também um aspecto de relevo pelo que todas as funcionalidades de cariz social estão restritas a acessos registados na plataforma.

No total estão já registados no escolinhas.pt 62 escolas, incluindo a totalidade dos 54 estabelecimentos de ensino do primeiro ciclo do ensino básico do concelho do Porto, que acabaram por permitir ao grupo de investigadores responsáveis pelo projecto testar com alguma escala a apetência da comunidade escolar para a ferramenta.

Numa sessão agendada para a próxima quinta-feira os investigadores responsáveis pelo projecto querem dar a conhecer a plataforma, entre os utilizadores registados que já existem (nas escolas envolvidas) e começar a promover a oferta para outras escolas, através de autarquias e associações de pais. O Ministério da Educação também seria um cliente interessante, admite Ademar Aguiar, mas para já ainda não existem contactos a esse nível.

A plataforma foi desenvolvida por um professor e dois alunos da Universidade do Porto, Ademar Aguiar; Mário Lopes e Nuno Baldaia. Conta ainda com a colaboração das designers Ana Ferreira e Ana Carvalho, também ex-alunas da Universidade do Porto.

Ademar Aguiar foi o mentor da ideia que, como contou ao TeK, surgiu como uma brincadeira pessoal há cerca de dois anos, ainda os Magalhães não tinham começado a chegar às escolas. O investigador em engenharia de software tem duas filhas no ensino básico e percebeu pela experiência de pai e pela relação próxima com a comunidade Wiki que seria interessante criar uma ferramenta que permitisse aos alunos destas idades usar a informática para expor os seus trabalhos e interagir entre si, fomentando o sentido de comunidade.

De um wiki simples para crianças, o projecto foi evoluindo e no âmbito de trabalhos de investigação acabou por se transformar na plataforma que é hoje. Pelo caminho nasceu a associação ao projecto Crescer Interactivo, que visa fomentar o uso das TIC em três vertentes, na comunidade escolar do concelho do Porto: conteúdos, apetrechamento tecnológico das escolas e colaboração. Os investigadores contribuíram com o seu trabalho para preencher esta terceira vertente do projecto, levando a ferramenta às escolas da região. A implementação começou a ser feita em Novembro de 2008. Hoje a plataforma conta com mais 18 mil utilizadores, entre 20 a 30 por cento utilizadores de facto.

Para suportar o crescimento da ideia, transformada em produto, nasceu a Tecla Colorida, um spin-off FEUP/INESC Porto que irá agora tentar alargar a comunidade de utilizadores a mais zonas do país.




Cristina A. Ferreira