Nas reuniões semanais que mantiveram desde 2009, muitas delas movidas pelo empreendedorismo, os quatro fundadores do Pricious identificaram dois problemas: a publicidade é quase imposta às pessoas e os produtos topo de gama raramente têm descontos.

Com estes dois alvos na mira, os antigos estudantes do Instituto Superior Técnico decidiram criar um serviço online onde ver anúncios faz com que o preço de determinados equipamentos seja reduzido. E reduções que podem ir até às centenas de euros.

Este é o conceito do Pricious. Quem visitar o site vai encontrar produtos como a Nintendo Wii U, o Surface Pro 2, o iPad Air de 32GB, a PlayStation 4 e um Ford Fiesta, entre outros. Há também um Samsung Galaxy S4 que neste momento está 23% mais barato que o tradicional preço de retalho.

A lógica é simples de entender. Quantas mais pessoas virem os anúncios agregados a um determinado produto, mais barato ele fica. O dinheiro originado pelas views garantidas aos anunciantes permite reduzir os custos associados aos produtos comercializados.

Não há uma equação que possa ser definida para saber quantos anúncios serão precisos ver para reduzir todo o preço. Rúben Pereira, cofundador do projeto, explica ao TeK que uma visualização tem diferentes preços por publicidade associada a um equipamento, fruto de diferentes acordos estabelecidos.

O objetivo é tornar o Pricious numa plataforma de massas, onde através da divulgação social alguns produtos podem receber reduções de 500 euros no espaço de cinco minutos.

A plataforma é para já à prova de bots e de tentativas de fraude, mas não é à prova de oportunistas. Quer isto dizer que 500 pessoas podem trabalhar para conseguir uma consola, mas no fim o elemento "501" pode vir a arrebatar o produto. A igualdade que a plataforma consegue garantir é a de que "a oportunidade está disponível para todos", tanto na redução do preço como no ato de compra, que pode ser feito a qualquer momento.

O cofundador do Pricious quis deixar bem vincada a ideia de que não seguem o sistema de leilões invertidos porque não implicam o gasto de dinheiro. E já agora, também se distanciam da adfamilies - outra plataforma portuguesa de publicidade online que paga por cada anúncio visto - porque conseguem incorporar a componente de comércio eletrónico.

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No primeiro mês de vida o Pricious tem sete mil utilizadores registados, 100 mil visualizações de anúncios garantidas, nove marcas a anunciar e 13 vendas concretizadas. A experiência está de acordo com os objetivos traçados, mas também está a conseguir superar ligeiramente as aspirações traçadas ao início.

Ainda assim Rúben Pereira, um dos responsáveis do Pricious, rejeita alterar os objetivos definidos para 2014. Até ao final do ano espera angariar 100 mil utilizadores e conseguir sete milhões de views, estando estes números dependentes do investimento de marketing que a empresa fizer sobre a plataforma.

O que parece certo é a internacionalização, "a curto prazo" como confirmou Rúben Pereira, que vai passar por países culturalmente semelhantes a Portugal - Espanha, Itália, Grécia - ou com forte tradição no ecommerce - Alemanha, França, Reino Unido. No roteiro também está o gigante mercado brasileiro.

Um outro objetivo - e fonte de receita - passa por ajudar as Pequenas e Médias Empresas (PME) portuguesas na divulgação. Muitas não têm os conhecimentos e meios para produzir vídeos, situação que a própria Pricious trata por preços competitivos.

Todo o capital com que a empresa contou até ao momento teve origem direta nos cofundadores, mas Rúben Pereira não fecha a porta a investidores e a business angels que estejam interessados em catapultar o conceito do "toma lá dá cá" online.

Rui da Rocha Ferreira


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico