Criado no plano da iniciativa eEurope - a proposta de formar uma Europa mais virada para a Sociedade de Informação e Conhecimento que foi aprovada durante a presidência portuguesa da União Europeia em 2000 - o programa eContent lançou agora a segunda parte do concurso para apresentação de propostas. Com a publicação realizada a 1 de Novembro no Jornal Oficial da Comunidade, esta segunda fase do eContent procura projectos de conteúdos digitais europeus, cujas candidaturas devem ser entregues até 1 de Fevereiro de 2002.

O programa eContent foi aprovado a 22 de Dezembro de 2000 e pretende promover a criação de mais conteúdos digitais de origem Europeia e a sua difusão através da Internet ou de redes móveis. Ao todo são 4 anos de duração e fundos para financiamento no valor total de 100 milhões de euros (mais de 20 milhões de contos). Kristen Olson, da Direcção Geral da Sociedade da Informação, foi um dos principais oradores numa sessão de informação que hoje se realizou no Centro Cultural de Belém e salientou o papel fundamental que a Comissão Europeia atribui aos conteúdos para a criação de uma Sociedade de economia baseada no conhecimento.

“Em termos sociais os conteúdos têm um papel fundamental, podendo potenciar o desenvolvimento económico e criar novos empregos”, salienta Kristen Olson, justificando a importância deste programa, “ao mesmo tempo é também um veículo para preservar a nossa herança digital”. E por isso se quer promover conteúdos multiculturais e multilíngua através de projectos desenvolvidos em consórcios que juntam diversas entidades de diferentes países.

Durante a sessão de esclarecimento hoje realizada sob os auspícios do Instituto de Cooperação Científica e Tecnológica Internacional (ICCTI) - um órgão do Ministério da Ciência e da Tecnologia que é membro do Comité do Programa eContent - foi feito também o balanço da primeira fase deste programa. Em termos da chamada com prazo fixo foram apresentadas um total de 102 candidaturas, mas apenas 91 foram consideradas elegíveis. Porém, a participação portuguesa foi reduzida a 16 candidaturas, das quais apenas uma foi retida para financiamento.

De uma análise dos relatórios dos avaliadores aos projectos portugueses foi possível perceber que estes apresentavam falta de inovação e originalidade, não demonstravam a viabilidade e desenvolvimento futuro do projecto, a informação era apresentada com pouca clareza e não sublinhavam o impacto estratégico. A falta de estratégia comercial e a apresentação de projectos fora do âmbito ou demasiado ambiciosos foram outras das notas dos avaliadores, que apontaram também a existência de consórcios pouco representativos ou demasiado extensos e informação insuficiente quanto ao âmbito, gestão e recursos dos projectos.

O “panorama negro” retratado por Carla Santos, Delegada Nacional para o programa pelo lado do ICCTI, pode e deve ser melhorado na segunda fase do concurso, e por isso mesmo foram apresentados exemplos de uma avaliação positiva, que passam por ideias atraentes e inovadoras, boa definição do perfil do utilizador, boa dimensão europeia, potencial para reutilização económica da informação e elevada qualidade dos parceiros. Ainda como lições para o futuro ficaram ideias como a necessidade de encontrar o equilibrio entre a amplitude do projecto e a dimensão do risco/benefício e adequada dimensão do consórcio.

Para esta segunda fase, agora lançada, do concurso podem ser apresentadas propostas até 1 de Fevereiro de 2002 nas três linhas de acção do programa e o financiamento global atribuido a esta área é de 27 milhões de euros (mais de 5,4 milhões de contos). A fase de avaliação vai decorrer am Fevereiro e a negociação com os projectos em Abril e Maio, sendo os contratos assinados com as candidaturas aprovadas em Junho e Julho de 2002. A terceira fase do eContent tem início em Janeiro de 2003 e as candidaturas podem ser entregues até Abril desse ano.

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