A organização não governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF) comemora o dia internacional contra a ciber-censura com a publicação de um relatório onde são nomeados os cinco países e as cinco empresas que mais contribuem para a censura feita através da Internet. Apelidados de "mercenários digitais", em comum têm o facto de contribuírem para um mundo menos livre no que diz respeito à liberdade de expressão.

Bahrain, China, Irão, Síria e Vietname são os cinco países que compõem a lista negra do RSF, cada um por motivos diferentes. No caso chinês destaca-se a Grande Muralha Eletrónica considera como um "dos sistemas de censura mais sofisticados", à qual se aliam várias empresas privadas que ajudam as forças políticas na monitorização dos utilizadores.

Relativamente ao Irão é sublinhada a intenção de implementação de uma Internet própria no país, um projeto que está em desenvolvimento há vários meses - e que a Síria também tinha planeado em 1999 segundo um documento recolhido pela ONG.

A acompanhar a lista de nações mais ativas na censura online, os Repórteres Sem Fronteiras elaboraram pela primeira vez uma lista intitulada como Os Inimigos Corporativos da Internet e que elegem as cinco empresas privadas que mais contribuem para a falta de liberdade de expressão no mundo.

Amesys (França), Blue Coat (EUA), Gamma International(Reino Unido), Hacking Team (Itália) e Trovicor (Alemanha) são as cinco entidades apontadas como as que mais produtos vendem a regimes autoritários e que usam essas soluções para violarem a liberdade de expressão, um dos princípios fundamentais dos Direitos do Homem. De notar que todas as empresas têm origem nas principais economias mundiais e que pertencem a regimes democráticos e defensores das liberdades.

As empresas desenvolvem sobretudo ferramentas de espionagem que permitem intercetar conversações que mais tarde resultam em detenções e penas de prisão ou até consequências físicas. E as organizações privadas que são nomeadas pelo RSF fornecem exatamente aquilo que os regimes pouco liberais procuram.

"Regimes que procuram aumentar o controlo das notícias e da informação preferem agir de forma discreta. Em vez de bloquearem os conteúdos, situação que gera má publicidade e é rapidamente circunscrita, eles preferem formas mais subtis de censura e vigilância e que em muitos dos casos os alvos não estão cientes da sua existência", comenta na página oficial da ONG o secretário-geral dos Repórteres Sem Fronteiras, Christophe Deloire.

O RSF revelou também hoje, 12 de março, o Prémio Netizen 2013 que nomeou com a ajuda dos internautas o bloguer vietnamita Huynh Ngoc Chenh como personalidade que mais lutou contra a censura na Internet.


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico