O SAPO lança hoje, oficialmente, uma nova área do portal dedicada a conteúdos exclusivos, que são disponibilizados mediante micropagamentos e que pretende abrir uma nova oportunidade para os leitores terem acesso a conteúdos pagos, garantindo uma nova linha de receita para os órgãos de comunicação.

"O SAPO Prime é o novo agregador de conteúdos pagos na HP do SAPO, desenvolvido em estreita colaboração com a Altice Portugal, sobretudo nos pagamentos", explicou hoje Filipa Martins, diretora do SAPO, durante a apresentação à imprensa que decorre hoje no auditório da Altice Portugal, em Picoas.

Reforçando a ideia de que o SAPO nasceu com a internet em 1995, o objetivo é promover conteúdos exclusivos, trabalhados em profundidade, com investigação, pagos à peça, através de um sistema de micropagamentos em vez de uma subscrição semanal, mensal ou anual que é mais comum.

O sistema de micropagamentos foi desenhado para ser simples e prático, associando o número de telefone à compra dos artigos, que têm preços na ordem das dezenas de cêntimos. Depois de escolher o que quer comprar o utilizador recebe um SMS, podendo pagar o conteúdo através da fatura do MEO ou do MB Way e ficando com o artigo numa "carteira" digital para ler quando quiser.

A par do lançamento do SAPO Prime, Filipa Martins revelou também a nova campanha publicitária do SAPO que vai ser promovida em vários órgãos de comunicação.

"Confiança" no jornalismo de qualidade e no MEO

Na sua intervenção, Alexandre Fonseca, CEO da Altice Portugal, destacou a capacidade de inovação do SAPO que tem "um passado e um futuro alicerçados em inovação, em irreverência", num mundo em profunda transformação, destacando a confiança dos leitores. "Temos hoje um alcance de 4 milhões de portugueses", afirmou, sublinhando que não é só o SAPO, mas a rede SAPO que assume a liderança e é um portal agregador de conteúdo, com canais como o SAPO TEK, o SAPO 24 e o Lifestyle.

"O SAPO é uma referência em Portugal e em português", sublinha Alexandre Fonseca, acrescentando a importância do acesso democrático a conteúdos e à literacia digital mas também à promoção da portugalidade.

Em declarações aos jornalistas no final da conferência, Alexandre Fonseca adiantou ainda que o SAPO Prime é uma medida que pode ajudar a combater as fake news através da confiança nos órgãos de comunicação que são parceiros do portal.

Quanto aos pagamentos, o CEO da Altice Portugal esclareceu que os 21 cêntimos são um valor mínimo de pagamento por artigo, mas que este valor pode variar consoante os conteúdos, acrescentando que uma reportagem mais aprofundada ou um documentário podem ter um valor superior. "O valor é definido pelos parceiros", justifica, admitindo que há um modelo de revenue share subjacente.

Em relação ao sistema de micropagamentos, Alexandre Fonseca esclarece que este modelo já está a ser utilizado permitindo aos clientes MEO comprar aplicações na loja da Google Play, e que está a ser bem recebido pelos utilizadores, o que permitiu estender o sistema ao SAPO Prime. Questionado pelo SAPO TEK admite ainda que estão a ser pensados outros serviços que possam utilizar os micropagamentos, mas não detalhou quais.

Uma rede de parceiros em expansão

Os primeiros testes foram feitos com um conjunto selecionado de parceiros da rede SAPO, mas a intenção é alargar o número de órgãos de comunicação social que disponibilizam conteúdos nesta nova plataforma do SAPO.

Ricardo Florêncio, da Multipublicações, lembrou que "o jornalismo de qualidade tem de ser recompensado e que é de justiça que seja pago", uma ideia partilhada por António Costa, diretor do ECO que elogiou o SAPO pela iniciativa.

"Não há muito paralelo para o sucesso do SAPO noutros países", afirmou, explicando que poucos portais como este conseguiram resistir e renovar-se para sobreviver à pressão dos gigantes internacionais.

Para o editor os micropagamentos são uma boa forma de conseguir uma nova linha de receitas para os meios de comunicação e um formato de complementaridade para os que já têm subscrição, permitindo uma estratégia de complementaridade à venda de assinaturas e não gerando concorrência aos modelos que já existem.

Apesar da oportunidade, António Costa reconhece alguns riscos, nomeadamente a tentação de "dar tudo pelo preço mínimo", afirmou, garantindo que no ECO vão ser exigentes com o que colocam no SAPO Prime.

Nota da Redação: A notícia foi atualizada com mais informação na sequência da conferência que decorreu em Lisboa. Última atualização 19h16.