A tentativa de extorsão através da ameaça de publicações de imagens falsas com teor sexual da vítima está a aumentar e o alerta é do Centro Nacional de Cibersegurança (CNC). Conhecido como sextortion, o fenómeno está a ocorrer com mais frequência, sobretudo através de um email no qual o contacto garante ter imagens comprometedoras da vítima.

Numa altura em que a pandemia de COVID-19 está a levar ao crescimento da popularidade do sexting, e, com isso, ao aumento dos perigos, o CNC explica a estratégia deste tipo de sextortion. Para aumentar a credibilidade da mensagem, o agente malicioso indica possuir a palavra-passe de uma conta de email da vítima, por vezes verdadeira. Em alguns casos, a password pode ser obtida em bases de dados de contas de utilizadores que são, ilicitamente, divulgadas online.

Face a este aumento de casos, o Centro aconselha os internautas a não realizarem qualquer pagamento ao agente malicioso. Caso a palavra-passe que o hacker divulgou no email for a certa, o utilizador deve alterá-la em todos as contas onde for utilizada, desde sites de compras online ou correio eletrónico.

Sexting em tempos de pandemia: COVID-19 está a mudar as vidas amorosas, mas nem tudo é romântico
Sexting em tempos de pandemia: COVID-19 está a mudar as vidas amorosas, mas nem tudo é romântico
Ver artigo

De forma a gerir melhor as passwords, o CNC recomenda a utilização de uma aplicação de gestão de utilizadores e palavras-passe, como a KeePass, garantindo que a "prevenção é o melhor remédio". Por fim, o Centro Nacional de Cibersegurança destaca a importância de a vítima denunciar este tipo de casos às autoridades criminais.

O CNC recorda, ainda, que o sextortion pode acontecer através de outros meios, quando, por exemplo, uma vítima partilha em mensagens privadas nas redes sociais vídeos ou fotografias íntimas, sendo depois ameaçada com a partilha desses conteúdos. "No caso de ser realizado um pedido de pagamento, não o realize, e denuncie a situação às Autoridades Criminais", reforça o Centro, que aconselha os utilizadores a não partilharem estes conteúdos através da Internet.

Esta terça-feira o Centro lançou ainda outro alerta, desta vez relacionado com instituições bancárias. Como explica o CNC, o smishing de angariação de credenciais faz-se passar por serviços deste setor.

Sexting é mais popular em plena pandemia, mas nem tudo é romântico

O isolamento levou a um "boom" da utilização de aplicações de encontros. Por exemplo, o Tinder, que recentemente decidiu “abrir” as fronteiras virtuais para que utilizadores de todo o mundo pudessem mais facilmente falar uns com os outros, registou no início de abril um número recorde de 3 mil milhões de “swipes”. A Match, a empresa-mãe do Tinder e de aplicações como a Hinge, revelou recentemente que os utilizadores nos países mais afetados pela pandemia se tornaram mais ativos do que antes e que a duração das conversas virtuais aumentou de 10% para 30%.

A verdade é que o sexting pode ter vários perigos associados. Para lá do autêntico "boom" das aplicações de encontros e da partilha de "nudes", aumenta também o número de utilizadores a tentar convencer outros de que sair em plena pandemia para um encontro mais “escaldante” é algo perfeitamente normal.