A Federação Nacional do Cego (FNB), associação de defesa dos invisuais nos Estados Unidos, anunciou ontem as primeiras entidades a quem atribuiu um novo selo online de aprovação intitulado Nonvisual Accessibility Web Application, criado para premiar os sites que mais esforços dedicam à acessibilidade na Web. Esta é mais uma iniciativa para facilitar a navegação na Internet a pessoas com dificuldades visuais, surgindo na sequência de medidas tomadas pela W3C, a Comissão Europeia e à semelhança de outras acções dinamizadas por entidades nacionais como o CERTIC.

No grupo de companhias e organizações nacionais reconhecidas pela NFB
constam a Hewlett-Packard, a Wells Fargo e a Admnistração da Segurança Social dos EUA. O certificado
significa que os sites foram organizados de forma a facilitar aos cegos a
navegação e a realização de todas as tarefas online básicas recorrendo a equipamento poderoso de ampliação ou software de leitura em voz alta dos conteúdos visíveis no ecrã do computador.

Estas modificações simples ainda não estão disponíveis na maior parte dos
sites da Web porque os designers e programadores se esquecem
frequentemente dos milhões de pessoas que não podem ler por si próprias o
texto, apesar de os especialistas reconhecerem que a situação tem vindo a
melhorar.

No âmbito de uma lei federal com quase dois anos que exige que as agências governamentais e todos os seus fornecedores assegurem o mesmo acesso à informação online por parte dos deficientes do que as restantes pessoas, é cada vez maior o número de sites norte-americanos da Web que efectua melhorias na sua acessibilidade. As estimativas relativas ao preço de criação de um site da Web que respeite as regras de acessibilidade variam bastante.

Para certificar estes sites, a NFB realizou vários testes de desempenho de tarefas das funções primárias dos sites das organizações. Foi determinado que um utilizador invisual pode realizar as funções básicas dos sites utilizando pelo menos dois programas de acesso por voz ao ecrã. Como parte do programa de certificação, a NFB irá continuar a monitorizar estes sites para avaliar a sua acessibilidade empregando um sistema automatizado que detecta problemas potenciais para os utilizadores cegos.

A Federação espera gerar mais tráfego para os sites que ostentarem o seu selo de aprovação, o que poderá fazer com que mais negócios online
satisfaçam os requisitos de acessibilidade necessários para a navegação dos cegos pela Internet. Até porque um grande número de pessoas com deficiência preferem realizar transacções online porque evitam ter que viajar e desfrutam de mais privacidade. Uma pessoa sem deficiência não se apercebe das alterações introduzidas pelos sites que respeitam a acessibilidade dos invisuais, uma vez que as modificações dizem sobretudo respeito ao código contido nos links e gráficos.

Este novo programa de certificação vem no seguimento da aprovação, no final do ano passado, pelo World Wide Web Consortium (W3C), consórcio responsável pela elaboração e aprovação de padrões da Web, da terceira série de regras em desenvolvimento no âmbito da Iniciativa para a Acessibilidade na Web (WAI) daquele organismo, com vista ao desenvolvimento de browsers e leitores de média que sejam mais fáceis de utilizar para as pessoas portadoras de deficiência. Também a Comissão Europeia elaborou uma comunicação sobre a acessibilidade dos sites públicos na
Web, divulgada em Setembro de 2001.

Em Portugal, no mês de Dezembro de 2002, o Centro de Engenharia de Reabilitação em Tecnologias de Informação e Comunicação (CERTIC) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) solicitou à Alta Autoridade para a Comunicação
Social
que impulsione os órgãos de comunicação social a integrarem nos seus códigos de conduta o cumprimento de normas de acessibilidade aos
conteúdos online, de forma a facilitar a sua consulta por parte de pessoas com deficiência. Antes, em 1999, a Assembleia da República tinha já aprovado em Junho de 1999
a Petição pela Acessibilidade da Internet Portuguesa.

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