Ainda é muito cedo para conhecer e avaliar as mudanças que Sociedade da Informação acarreta e devemos por isso ter cuidado quando juntamos a palavra "revolução" à expressão "novas tecnologias", aconselhou Cees J. Hamelink, professor universitário e orador convidado da primeira conferência do ciclo "Pensar a Sociedade da Informação", promovido pela APDSI.



"As revoluções não surgem de um dia para o outro, são mudanças contínuas; acontecem, mas não tantas vezes como as que empregamos a palavra", referiu Cees J. Hamelink. Esta foi apenas uma das considerações que o professor universitário, conhecido internacionalmente pelas obras publicadas e pelas funções que já assumiu em organizações governamentais e não-governamentais, deixou ontem ao final da tarde, na reitoria da Universidade Nova, num discurso pautado pelas dúvidas que o conceito de Sociedade da Informação ainda traz e de todos os desafios que levanta.



Outro dos pontos essenciais do discurso Cees J. Hamelink está relacionado com a escolha da palavra "informação" para definir o conjunto de situações proporcionadas pelas novas tecnologias que a sociedade mundial atravessa. No final da sua intervenção, o professor universitário referiu que não interessa o nome que lhe chamamos, "interessa que seja uma sociedade melhor e mais humana", mas ao longo do seu discurso defendeu que o mundo não precisa de mais informação, mas sim comunicação.



"Precisamos desesperadamente de comunicação, mas este é um processo que exige uma série de coisas difíceis para os indivíduos como ouvirmos os outros, questionarmos as nossas convicções, aceitar a mudança de comportamentos e tempo", considera Cees J. Hamelink. "Hoje em dia é verdade que temos todos os meios para transmitir informação, mas ninguém nos garante o direito de comunicar", sublinhou.



O professor universitário fez questão de chamar a atenção para um facto que crê de importância vital quando se fala das novas tecnologias. "Todos nós temos tendência para substimar os riscos das coisas novas - preferimos pensar apenas nas coisas boas - e as tecnologias não são excepção" referiu Cees J. Hamelink deixando como exemplos a divisão digital, os perigos que acarreta uma dependência total do software, a privacidade, a luta pelos recursos energéticos ou o problema do lixo electrónico. "Não quer dizer que não venha a existir solução para estes problemas todos, mas neste momento não podemos ignorá-los", rematou Cees J. Hamelink.



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