O facto de vivermos na Sociedade da Informação poderá dar-nos uma maior possibilidade de privilegiar a ética, mas atribui-nos igualmente um nível de responsabilidade acrescido, segundo se defendeu durante o workshop "A ética no contexto da Sociedade do Conhecimento e da Informação", promovido pela APDSI, na passada sexta-feira, onde se pretendeu debater os contornos do procedimento e dos códigos associados à ética num âmbito mais informatizado e tecnológico.




A SI mexe não só com o saberes formais, mas com saberes práticos, na opinião de José Manuel Moreira, professor associado da Universidade de Aveiro. "O mal ou bem que eu quero fazer está multiplicado numa sociedade globalizada e logo o nível de responsabilidade aumenta", explicou durante uma das suas intervenções.




Para José Manuel Moreira, muitas vezes as pessoas têm a ideia de que uma sociedade flexível, aberta, não tem de ter regras. "É precisamente o contrário: é imprescindível que existam guias, 'norte', certo tipo de valores", defende. "Um código em si pode não garantir nada, mas é muito melhor ter um mapa do que não ter mapa nenhum desde que não se incorra no erro de criar a ideia de que o mapa é o território", exemplificou.




"As questões da ética no domínio da SI são ainda mais acutilantes", apontou Manuela Leamaro, do Instituto de Informática durante a sua intervenção dedicada à reflexão acerca da ética nos serviços públicos. Manuela Leamaro considera que por um lado existe um maior acesso à informação, por outro lado a informação sobre as empresas, sobre todos nós, vai estar cada vez mais centralizada, mais integrada e mais cruzada. Pontos a favor se considerada a perspectiva dos serviços da administração pública electrónica e que já podia estar operacional, segundo a responsável do Instituto de Informática, caso houvesse realmente interesse, acusou.




No caso da administração pública portuguesa, Manuela Leamaro defende que é necessário implementar uma infra-estrutura de ética que vá além das regras e dos regulamentos, do enquadramento legal desse comportamentos, dos códigos de conduta, considerando que "as questões da ética são algo que temos de interiorizar; é um compromisso que temos que assumir pessoalmente, não é algo que possa ser imposto".





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