A Tencent está a expandir o uso de tecnologia de reconhecimento facial na sua plataforma de videojogos para impedir que os jogadores mais novos contornem as regras estabelecidas pelo governo chinês, sobretudo durante as próximas semanas, que, no país, equivalem ao período de férias de Inverno para os estudantes.

De acordo com uma publicação da empresa no WeChat, os jovens só podem aceder à sua plataforma de videojogos em 14 dias específicos, apenas por uma hora diária. O período em questão, que começou a 17 de janeiro, vai até 15 de fevereiro, sendo excluídos os dias 29 e 30 de janeiro, que correspondem ao fim de semana que antecede as comemorações do novo ano chinês.

Nem todos os jogadores da Tencent Gaming são obrigados a usarem tecnologia de reconhecimento facial para se autenticarem na plataforma. Porém, para o caso de contas que são usadas por menores, a plataforma fará um "scan" de cada vez que o jogador aceda ou que compre créditos para jogos.

A tecnológica avisa que, se uma conta estiver ativa simultaneamente em vários dispositivos, serão feitos "scans" para verificar que apenas o dono da conta a possa usar. Durante este período a empresa recomenda também aos pais que partilham os seus equipamentos com os filhos, que ativem o modo para crianças nos seus equipamentos, de modo a evitar que os mais novos tentem contornar as regras.

Além das medidas para os mais novos, também os jogadores com 55 anos ou mais terão de usar reconhecimento facial quando acedem à noite. Porém, neste caso, a medida apenas se aplica aos jogos mais populares.

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As regras, que entraram em vigor no ano passado, proíbem os jogadores menores de jogarem mais que do três horas por semana. À sexta-feira os mais novos só podem jogar entre as 20h00 e as 21h00, com uma hora adicional para ser gasta nos sábados, domingos ou feriados.

Anteriormente, os jovens podiam jogar até 90 minutos por dia e até três horas ao fim de semana. O objetivo das medidas mais apertadas é evitar que as crianças e adolescentes fiquem viciados em jogos online.

Para controlar a aplicação das regras, as plataformas têm de registar os jogos e o respetivo acesso, com a identificação dos utilizadores, procurando “barrar” a entrada a menores fora do período autorizado.

Embora as leis tenham causado disrupções na indústria do gaming da China, levando à queda do valor das ações de algumas editoras, as empresas preferem não arriscar e têm cumprido com a decisão do Governo.

Recorde-se que em setembro de 2021, cerca de 200 empresas ligadas ao gaming comprometeram-se a ajudar a regular a indústria para combater o vício dos videojogos entre os jovens com um conjunto de medidas entre as quais se enquadra a utilização de reconhecimento facial nas autenticações para identificar os jogadores menores de idade.