"A nossa intenção é abrir o sistema de verificação de conta a todos os utilizadores. E a ideia é fazê-lo de forma gradual, em que o Twitter não interfere no processo, e as pessoas conseguem verificar mais factos acerca de si próprias sem que nós tenhamos de ser o juíz". Foi assim que Jack Dorsey, CEO do Twitter, explicou um dos seus mais recentes planos. Num direto transmitido online, através do Periscope, o responsável máximo pela rede social optou por não aprofundar o assunto, mas deixou a ideia de que esta será a ferramenta da plataforma para combater as notícias falsas, os rumores que se espalham online, e o discurso de ódio.
Apesar de teoricamente restrito às figuras públicas e às páginas institucionais, a verificação oficial de conta - que resulta na identificação simbólica do utilizador com um certo a azul - está aberta a todos. Se estiver em posição de confirmar a sua identidade, com documentação oficial e ligações às suas restantes páginas sociais, o Twitter, eventualmente, poderá conceder-lhe o "visto".
O problema, explica David Gasca, diretor de produto do Twitter, é que os utilizadores olham para o crachá azul como sinal de credibilidade e não de identidade. O Twitter faz o oposto. "Fizemos uma pesquisa que nos mostrou que as pessoas olham para este símbolo como sinónimo de credibilidade, como se o Twitter apoiasse esta pessoa e aquilo que ela diz, mas não é disso que se trata. De maneira simples, a verificação garante apenas que o João é mesmo o João e não o Pedro a passar-se pelo João numa conta falsa.
A confusão de papéis que domina o debate em torno do certo azul, faz com que a rede social esteja constantemente sobre fogo pelas decisões que toma neste âmbito. Ao retirar o crachá a um dado utilizador, como já aconteceu a contas verificadas, a empresa mostra que também ela se confunde com o verdadeiro propósito deste sistema. Num dos casos que serve de exemplo ao problema, que teve o polémico jornalista de direita Milo Yiannopoulos, como protagonista, o Twitter viu-se obrigado a retirar a verificação ao utilizador, e a bani-lo por violar as regras da plataforma continuamente. Para terceiros, o ato foi um juízo de valor, que conferia à rede social uma identidade política que a mesma nunca teria assumido. Em alguns casos, chegou-se a acreditar que a empresa estava a valer-se do seu poder para calar as vozes discordantes da sua posição ideológica.
O site percebeu que a linha lateral é a melhor posição a adotar nestes debates. Ao abrir o sistema de verificação a todos, o poder do juízo assenta apenas sobre os utilizadores, uma vez que todos são iguais, e o simbolismo da credibilidade esvai-se pela eliminação da exclusividade do símbolo. Assim, o Twitter reserva para si o direito de filtrar aqueles que não são quem dizem ser, e dá mais responsabilidade àqueles que assumem a sua identidade, ao mesmo tempo que retira legitimidade aos bots e trolls. O selo de verificação deixa de ser retirado a quem não respeitar as regras. No final, volta tudo a ser uma questão de identidade.
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