Portugal voltou a ser citado em documentos revelados pelo WikiLeaks. Nos 250 mil telegramas diplomáticos começados a revelar esta semana pelo polémico site estão 722 emitidos pela Embaixada dos EUA em Lisboa, e entre eles um que indica que o Governo norte-americano pediu a Portugal para deixar passar em território nacional voos da CIA.

Segundo a agência Lusa , o pedido foi “complicado” por causa da pressão da oposição e do Parlamento Europeu sobre o Governo português, lê-se no telegrama, que recorda a ameaça do ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, se demitir se as suspeitas relacionadas com a passagem de voos ilegais da CIA por Portugal viessem a ser provadas.

O documento, agora revelado, data de Outubro de 2006 e é classificado como secreto.

As pressões em redor do WikiLeaks continuam a aumentar, enquanto este insiste na sua “missão” de intermediar a publicação de informação de fontes que desejam permanecer anónimas.

Além do site ter permanecido offline durante uma boa parte do dia desta quarta-feira – por ter deixado de estar alojado nos servidores da Amazon -, a imprensa internacional dá conta de que a Interpol terá emitido um mandado de detenção para Julian Assange, seu fundador, acusado de violação, assédio sexual e coerção ilegal.

Mark Stephens, o advogado de Assange, respondia que ainda não tinha sido notificado formalmente das acusações feitas ao seu cliente e, num email dirigido à AP, considerava que o caso é uma "perseguição e não uma acusação" em reacção a toda a polémica que o WikiLeaks tem provocado com a publicação de documentos classificados.

Uma outra notícia dá conta de que, em breve, poderá vir a ser lançado um outro site com objectivos idênticos, desenvolvido por um grupo de antigos colaboradores do próprio WikiLeaks - que dizem ter abandonado devido a divergências com Julian Assange.

Previsto para meados deste mês, o novo site fará com que "um maior número de pessoas tenha acesso ao maior número de documentos possível", garante Daniel Domscheit-Berg, até há pouco tempo porta-voz do WikiLeaks, que faz questão de acrescentar que o poder sobre o novo recurso "estará mais distribuído".