A Altice anunciou a separação das suas atividades nos EUA e na Europa, passando as duas entidades a ter as designações Altice USA e Altice Europe.

A Altice Europe vai reunir a Portugal Telecom, BFM e as publicações francesas “Libération” e “LÉxpress”, entre outras empresas, enquanto que a Altice USA vai integrar as operadoras de cabo Suddenlink e Cablevision (Optium).

"A separação permitirá a cada uma das unidades focalizar-se mais nas diferentes oportunidades de criação de valor nos seus respectivos mercados e garantirá uma maior transparência para os investidores", refere em comunicado, que também esclarece que a separação será “efetiva a partir do final do primeiro semestre de 2018 e após receber luz verde dos acionistas e dos reguladores”.

Após esta separação, as empresas vão passar a ser geridas em separado, mas Patrick Drahi, fundador da Altice, vai continuar a controlar ambas e será o presidente do conselho de administração da Altice Europa e "chairman" da Altice USA.

Visando uma maior responsabilização e transparência, a Altice Europa vai reorganizar a sua estrutura em várias unidades como a Altice França, a Altice International e uma nova filial de nome Altice Pay TV.

No mesmo comunicado, a Altice avança que, assim que a operação estiver concluída, os acionistas da Altice vão receber um dividendo de 1,5 mil milhões de dólares (1,25 mil milhões de euros) em dinheiro.

Dos 900 milhões de euros que caberão à Altice holandesa, 625 milhões serão para pagar ao Altice Corporate Financing, órgão que financia o grupo de telecomunicações, mantendo os restantes 275 milhões de euros para balanço.

Além disso, o conselho de administração da Altice USA autorizou que a empresa avance com um programa de recompra de ações de dois mil milhões de dólares (1,66 mil milhões de euros), assim que a separação das unidades holandesa e norte-americana estiver concluída.

Num email enviado aos trabalhadores da Altice Portugal, a que a Lusa teve acesso, o presidente executivo da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, defende que esta separação “não altera em nada” o foco estratégico da empresa no mercado português.

“E o que significa esta mudança para nós, aqui em Portugal? Quase nada, trata-se de uma reorganização ao nível jurídico, financeiro e de estrutura, visando uma simplificação orgânica. Os nossos acionistas mantêm-se os mesmos. O fundador do grupo, Patrick Drahi, será o presidente executivo da Altice Europe e o presidente do Conselho de Administração da Altice USA”, esclareceu Alexandre Fonseca.

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O anúncio destas alterações surge numa altura em que um grupo de 60 personalidades lançou uma petição para "travar" a empresa de telecomunicações, pretendendo recolher mais assinaturas para levar o caso à Assembleia da República.

Em comunicado, referem que querem “impedir a aquisição pela Altice do grupo Media Capital, reverter a situação, que afeta os jornalistas e outros trabalhadores da comunicação social, vetar a criação de um conglomerado com uma posição de domínio na televisão, rádio, produção de conteúdos, telecomunicações e internet".

Afirmam também que pretendem “travar as ilegalidades e o despedimento de centenas de trabalhadores, promover a retoma do controlo público da PT, comprada há três anos pela Altice”.

O objetivo último da petição é o de obrigar “à respetiva discussão e, simultaneamente, promover na opinião pública e nas forças políticas a consciência de que é necessário travar", adiantam.

A Altice manifestou, no ano passado, o interesse na  compra da posição da Prisa na Media Capital, decisão  que a ANACOM considerou prejudicial para a concorrência.

A NOS e a Vodafone são da mesma opinião da reguladora do mercado das comunicações, mas a decisão está nas mãos da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) que, em caso de parecer negativo, poderá colocar em causa a operação.