A Cisco prepara-se para voltar a avançar com mais despedimentos este ano. Em fevereiro a multinacional norte-americana reduziu as equipas em mais de 4.000 pessoas. A Reuters avança que esta semana, com a apresentação de resultados, a companhia vai fazer um novo anúncio de corte de pessoal igual ou maior que o anterior.
As novas saídas terão o mesmo objetivo das primeiras, ajudar a posicionar a empresa para áreas de maior crescimento e adaptar os recursos existentes nas áreas tradicionais de atividade da Cisco, onde o negócio tem vindo a diminuir. A tecnológica de soluções de rede, que durante anos centrou o negócio em tecnologia para encaminhamento de tráfego de internet, como routers e switches, tem vindo a reorientar a operação para as áreas de cibersegurança e inteligência artificial.
Já este ano, a companhia comprou a empresa de cibersegurança Splunk por 28 mil milhões de dólares numa operação fechada em março que, como também sublinha a Reuters, ajuda a empresa a reforçar a venda de serviços por subscrição, face às vendas tradicionais de equipamentos.
Há igualmente um esforço da parte da Cisco para incorporar tecnologias de IA nos seus produtos. A empresa tem mesmo uma meta, que reforçou na última apresentação de resultados, de atingir encomendas no valor de 1.000 milhões de dólares em produtos de IA em 2025. Tem também investido em algumas startups do sector, através de um fundo de 1.000 milhões de dólares criado para o efeito Na lista de investimentos estão participações em empresas como a Mistral AI ou na Scale AI e aquisições.
Em todo o mundo, a Cisco empregava no final de julho do ano passado 84.900 pessoas, o número deverá ser atualizado quando forem conhecidos os resultados do quarto trimestre fiscal da empresa e do ano de 2023-2024, para acomodar já o impacto das saídas que ocorreram desde então.
Em entrevista ao Expresso no final do ano passado, um responsável internacional da Cisco revelou que em Portugal a empresa tinha cerca de 1.000 colaboradores e o seu terceiro maior escritório na EMEA, região que engloba a Europa, o Médio Oriente e África.
À data do anterior anúncio de despedimentos da Cisco, o SAPO TEK contactou Miguel Almeida, country leader da multinacional em Portugal, que remeteu para a informação disponibilizada pelo grupo a nível internacional. Aí sublinhava-se que a empresa continua a avançar com a transformação estratégica de negócio, apoiada em resultados financeiros sólidos.
“No entanto, dado o ambiente macroeconómico, onde os nossos clientes continuam a consumir elevados níveis de produtos que têm no seu inventário e o desenrolar do negócio nos operadores de comunicações”, eram necessárias medidas para “alinhar as despesas e investimentos em áreas prioritárias", referia a mesma declaração. Miguel Almeida acabou por não revelar o impacto do corte de pessoal em Portugal, caso tenha existido algum.
Este ano, os cortes de pessoal nas tecnológicas têm seguido a um ritmo mais lento que o de anos anteriores, mas ainda assim todos os meses há notícias de ajustes. Já em agosto foi notícia que a Intel pretende reduzir 15 mil colaboradores, o equivalente a 15% da sua força de trabalho.
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