A brasileira Cobra, empresa de TI controlada pelo Banco do Brasil, tem marcada para o próximo mês de Agosto a abertura dos escritórios da sua subsidiária Cobra Europa em Lisboa, data a partir da qual se propõe avançar com o projecto de criação de um cluster de novas tecnologias no Parque Industrial da Gemeeira, em Ponte de Lima, onde irá reunir um conjunto de outras empresas, portuguesas e brasileiras, no desenvolvimento de equipamentos de automação bancária, automação comercial, computadores, software livre e prestação de serviços relacionados.



O projecto foi dado a conhecer pela sua promotora Cobra, juntamente com outros parceiros - como o Banco do Brasil, a Universidade do Minho e a Agência Portuguesa do Investimento (API) -, no início do passado mês de Abril e na altura havia alguns pormenores por resolver, nomeadamente a localização exacta do conglomerado e a parte do investimento que seria sustentado pela API, algumas delas entretanto saldadas.



O acordo com a API deverá estar concluído até meados de Julho, segundo o indicado por Graciano Santos Neto, presidente da Cobra Tecnologias, em declarações ao TeK, que prevê que a participação do Governo português no projecto ronde os 40 por cento de um valor de investimento que poderá chegar aos 100 milhões de euros. O restante valor percentual poderá vir da própria empresa ou do seu controlador, o Banco do Brasil.



O investimento inicial previsto é de 36 milhões de euros, "em que 25 milhões se relacionam com o complexo em si e os restantes 11 respeitam à parte administrativa e desenvolvimento de software livre, mas o projecto pode chegar até aos 100 milhões de euros de investimento", salvaguarda Santos Neto.



Logo que os termos do acordo com a API estejam assentes e que a escritura dos terrenos com a Câmara Municipal de Ponte de Lima se realize, a Cobra pretende avançar com o planeamento do pólo tecnológico e da fábrica para o Parque da Gemeeira, prevendo que Outubro seja o mês do arranque "físico" do projecto.



Neste momento, a Cobra tem vindo a promover contactos com empresas no Brasil que possam estar interessadas em juntar-se à iniciativa por si liderada, prevendo iniciar em breve uma campanha online, através da qual vai aceitar inscrições dessas companhias. "As candidaturas serão analisadas por uma comissão que avaliará a viabilidade e sentido das mesmas para o pólo que se pretende criar", salientou Santos Neto.



Neste conglomerado, que se prevê crie mais de 300 postos de trabalho numa primeira fase, há igualmente espaço reservado à participação de empresas portuguesas ligadas ao sector das tecnologias, com as quais se vão intensificar os contactos a partir da abertura da sede da Cobra Europa em Lisboa, segundo garante o presidente do grupo empresarial.



O estabelecimento deste projecto em Ponte de LIma parece contudo não agradar muito às fabricantes nacionais de computadores, nomeadamente às que integram a recém formada APFEI, que se consideram ameaçadas por ele, segundo o salientado recentemente por Luís Pinto, o secretário-geral da mesma associação (ver Notícias Relacionadas).



À parte destas questões, Santos Neto refere que a escolha de Portugal como base para a entrada da Cobra na Europa foi definida principalmente em função de facilidades, como o do idioma, a presença no mercado comum europeu e a relação com os países africanos. "Portugal é dotado de excelentes universidades formadoras de massa crítica e apresenta grande estabilidade política e financeira, o que garante alto nível de segurança de retorno para o negócio", assinalou o responsável.



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