Os acordos necessários para a criação do pólo tecnológico proposto para Ponte de Lima pela brasileira Cobra Tecnologia já estão firmados, garantiu hoje ao TeK o presidente da empresa, Graciano Santos Neto, que acrescentou faltar apenas a apresentação e consequente aprovação do plano definitivo pela Agência Portuguesa do Investimento (API), embora a maior parte dos termos estejam estabelecidos.



O processo acabou por se atrasar, nomeadamente a abertura dos escritórios da Cobra em Lisboa, prevista para Agosto último, mas a empresa brasileira espera arrancar com a construção do cluster em Ponte de Lima no segundo trimestre de 2005.



Santos Neto indicou que o plano final deverá ser entregue à API durante o próximo mês, acreditando que o mesmo possa ser aprovado ainda durante este ano ou, o mais tardar, em Janeiro de 2005. Dele farão parte, por exemplo, o nome das oito primeiras empresas brasileiras que irão integrar o conjunto inicial do cluster, para um número que no final se aproximará das 30.



A participação do governo português no projecto liderado pela Cobra deverá rondar os 40 por cento de um valor de investimento que poderá chegar aos 120 milhões de euros. O valor percentual remanescente será apresentado pela própria empresa e pelas restantes empresas participantes, brasileiras e portuguesas. O valor de investimento inicial previsto ronda os 30 por cento do valor total.



O retorno do investimento poderá acontecer nos 18 a 24 meses subsequentes. Perante o acordo estabelecido com a API, existe o compromisso de facturar 150 milhões de euros ao ano no prazo de seis anos de actividade, mas o presidente da Cobra pensa que o cluster poderá estar a gerar esse valor em metade do tempo, ou seja, em três anos.



Entretanto, a polémica com as fabricantes nacionais de PCs parece estar ultrapassada. "Julgo que os objectivos da Cobra com a criação deste cluster não foram bem entendidos inicialmente. Não queremos o mercado das fabricantes portuguesas, pelo contrário, queremos que as empresas portuguesas se juntem a nós para que possamos sair juntos para o mercado comum europeu", esclareceu Graciano Santos Neto. "É uma oportunidade, quer para as empresas portuguesas como para as brasileiras, que sozinhas têm muita dificuldade em fazer frente às multinacionais já instaladas e também pode ser uma troca, um convite para uma incursão ao mercado brasileiro”.



Neste momento, existem parcerias com empresas portuguesas da área da tecnologia em negociação, "bem encaminhadas", mas das quais ainda não se podem revelar pormenores, obedecendo aos acordos de sigilo estabelecidos.



Depois do arranque da construção do cluster, previsto para o mês de Maio, o objectivo é levar 12 meses para criar a parte de infra-estrutura da fábrica, mas ao mesmo tempo iniciar paralelamente o desenvolvimento de software. "Penso que em oito meses, depois do início da construção já poderemos ter produtos resultantes no mercado comum europeu", considera o presidente da Cobra. Os primeiros contributos dirão respeito a software na área bancária e de automação comercial.



Além das aplicações para o sector da banca, o projecto liderado pela Cobra contempla ainda o desenvolvimento de software para PCs. Já em termos de hardware, prevê-se a produção de PCs desktop, servidores e máquinas de atendimento. Nesta área, os resultados surgirão mais tardiamente no mercado. "Os computadores só poderão ser produzidos quando tivermos a fábrica completamente montada. Depois disso, três/quatro meses bastarão para fazer chegar ao mercado os nossos primeiros PCs".



O primeiro "cliente" para os PCs está encontrado, já que mediante o acordo estabelecido com a Câmara Municipal de Ponte de Lima, que cedeu os terrenos para o cluster, os primeiros 450 computadores produzidos naquele conglomerado terão como destino escolas minhotas.


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