Brian Gonzalez, director ibérico da Intel, foi à Comissão de Inquérito que investiga os contornos dos programas e-escolinha e e-escola para sublinhar que a relação da líder mundial de processadores com o Governo português é antiga, anterior à sua chegada ao cargo ibérico e ao programa e-escolinha.


De acordo com declarações citadas pelo Jornal de Negócios, esta "longa relação com o governo" tem permitido trabalhar conjuntamente em várias iniciativas, nomeadamente em "2005 e 2006 para trazer a transformação tecnológica para as salas de aula".


Concretamente no que se refere ao e-escolinha, programa que tem como símbolo o portátil Magalhães, baseado no design de referência Classmate, da Intel, o responsável assegura que a participação da Intel surge na sequência de um convite do gabinete de Mário Lino.
Recorde-se que a Intel esteve ao lado do Governo em dois momentos quando em 2007 foram dados os primeiros passos no esforço de reforçar o uso das TIC nas escolas. Em Junho de 2007, quando foram assinados os protocolos que formalizaram o arranque do e-Iniciativas, que abrange e-escola, e-professor e e-oportunidades e que visava o acesso a portáteis e ligações Web para alunos, professores e formandos do Novas Oportunidades a preços mais baixos.



No mesmo ano, em Outubro, a empresa assinou directamente um Memorando de Entendimento com o Governo relacionado com a utilização dos processadores Centrino Pro nos portáteis do e-Iniciativas. Na verdade os computadores propostos pelas fabricantes na altura em que o Memorando foi assinado já faziam uso da plataforma de computação, que ficou conhecida pelo nome de código Santa Rosa e que tinha sido lançada no Verão anterior. O acordo funcionou como uma espécie de pro forma que delineava o compromisso da Intel de oferecer melhores condições comerciais aos fabricantes envolvidos no programa, que à data previa a distribuição de 500 mil portáteis.



Um ano depois, em Novembro de 2008 a Intel firma um memorando de Entendimento com a JP Sá Couto que alarga a parceria para a produção do Magalhães ao Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel, que aportava ao projecto know-how e capacidade de design, já a pensar na produção de uma segunda geração do portátil.
Isto depois de em Junho do mesmo ano ter estado também nas primeiras cerimónias públicas relacionadas com a apresentação do e-escolinha, para a formalização de acordos e na apresentação propriamente dita do programa.


Na audição parlamentar Brian Gonzalez assegura que terá partido do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações o convite para assinar o Memorando de Entendimento que ligou a fabricante a diversos projectos educativos do Governo.


"Este MoU [sigla em inglês] forneceu um framework para uma série de áreas que nos interessavam", acrescentou o responsável que também afirmou ter a noção de que existiam outras empresas nacionais com capacidade para desenvolver um computador semelhante.


Esta manhã foi entregue no Parlamento um ofício do Ministério das Obras Públicas onde se refere que o Protocolo assinado com a Intel não teve execução e como tal não há actas de reuniões.


O protocolo assinado no Verão de 2008 previa, entre outras coisas, que a empresa criasse um centro de competências em Portugal e fornecesse ao Governo aconselhamento e suporte tecnológico.


Brian Gonzalez confirmou à comissão que este não foi executado e acrescentou: "Quando olhamos para os MoU não é fora do comum não serem executados, na altura há expectativas, mas os tempos mudam", cita ainda o Jornal de Negócios. Sobre a possibilidade da Intel, avançada na altura, da Intel vir a constituir uma fábrica em Portugal considerou que "há coisas que podem ter seguimento, outras não, acontece muitas vezes e não tem a ver com a qualidade".