Durante o painel “People & Communities at the Center of Digital Transition” realizado no Portugal Digital Summit, discutiu-se a importância de garantir que ninguém fique de fora no processo da Transformação Digital. O objetivo é dar prioridade às pessoas e às comunidades nesse processo, para que os avanços no digital beneficiem a sociedade no geral, de forma igual. Mas quais são as estratégias para um crescimento inclusivo e envolvimento das comunidades nesta era digital?

Como produzir um produto sem deixar ninguém para trás? Madalena Cascais Tomé, CEO do Grupo SIBS, diz que não vê o MB Way como um produto, mas sim um propósito para poupar tempo e tornar a vida mais fácil às pessoas. Dos pagamentos a transações financeiras, trabalha em comunidade com os parceiros, que são as empresas financeiras e com os seus respetivos clientes, para a criação da rede Multibanco.

Seja no interior como no litoral, o Multibanco não serve apenas para levantar dinheiro, mas oferece um leque de serviços para fazer pagamentos ao Estado ou outros. E agora com o smartphone, a app permite estender esses serviços a mais pessoas que passam agora a fazer os pagamentos e outras funções em movimento. A SIBS tem um trabalho de fornecer as informações de onde as pessoas podem utilizar os serviços e trazer maior conveniência a todos.

Veja na galeria imagens do Portugal Digital Summit 2024:

Uma empresa trabalha com os seus clientes? Manuel Ramalho Eanes, CEO da NOS, destaca que na era do 5G, havia muito pouco que estivesse feito com valor para as pessoas e comunidades. A empresa teve de criar uma estrutura de desenvolvimento para ajudar os seus clientes dos diferentes sectores a implementar as soluções de 5G. A indústria, saúde, educação, cidades, agricultura e outras áreas beneficiaram com o 5G. Foram reunidos clientes que tinham apenas partes destas funções que se juntaram para se expandir em outras áreas. Os clientes tiveram contacto uns com os outros para beneficiarem em comunidade das inovações tecnológicas.

Existem comunidades que são mais atacadas através de malware, mas existe uma aliança de parceiros para proteger as suas operações e clientes no âmbito da cibersegurança. Por isso, todos estão tão seguros, quanto mais fraco está um dos parceiros. A NOS diz que todos se juntaram num ecossistema para a criação de instrumentos para implementação das melhores práticas para evoluir para um mundo mais seguro. Este é um tópico de cidadania, refere.

Sobre a troca de informações em torno da cibersegurança, até que ponto as empresas, que à partida são concorrentes, partilham dados dados entre si? A resposta surge que nesta área o risco é para todos e por isso há que entrar em cooperação. Ninguém tem nada a ganhar ao guardar para si informações que possam dar mais cibersegurança a todos, disse Manuel Ramalho Eanes.

Manuel Maria Correia, country manager da DXC, um spin off de consultadoria da HP, afirma que tem uma equipa de engenheiros e que tem como objetivo de criar talento. Afirma que nesta área existe uma grande escassez de engenheiros em Portugal. Afirma que temos as melhores escolas, formam-se excelentes engenheiros em comparação ao que se faz a nível internacional, mas o tamanho do mercado não permite ser muito competitivo. E por isso a retenção de talento continua a ser um desafio.

Este é um problema, à semelhança da cibersegurança, igualmente comum a todos. E por isso, as empresas juntam-se para criar programas de atração de talento. O programa Upskill é um sucesso de sucesso, por reformular pessoas de outras áreas para a engenharia. Diz que este tipo de programas dá oportunidades às pessoas de entrarem nesta área.

Como um país pequeno, existem por vezes estigmas sobre a chegada de pessoas de outros mercados, nomeadamente do brasileiro, pela proximidade da língua. Manuel Maria Correia diz que o desafio é ajudar essas pessoas na adaptação ao país, mas que ainda assim, a taxa de sucesso é muito elevada.

Pedro Carvalho, CEO da Generali/Tranquilidade, diz que o sector das seguradoras nunca é associado à transformação digital, mas pode fazer a diferença na maneira como os clientes e as pessoas interagem com as suas seguradoras e como gerem o seu risco, de qualquer tipo de natureza. Através de um smartwatch pode-se analisar o estado de saúde e forma física, esses dados podem ajudar as seguradoras avaliarem os prémios de seguros aos seus clientes. Uma saúde mais favorável pode transformar-se num prémio mais adequado a cada um.

E isso é válido a nível do seguro automóvel, onde os dados permitem analisar o potencial risco do condutor, a velocidade média em que circulam ou outros indicadores de comportamento e de perfil. O facto de ter um seguro num código postal pode mudar de valor em relação a outro local. Os dados servem para analisar o potencial de risco e dessa forma criar os preços mais justos aos clientes. Existe o desafio das pessoas bloquearem o acesso aos dados quando não agrada a análise. Afirma que as pessoas têm receio dos seus seguros da empresa em que se saibam certos dados sensíveis, como doenças que possam desfavorecer profissionalmente.

A proteção de dados regula o acesso à informação para utilização comercial. Diz que a função da seguradora é mutualizar os riscos, para que ninguém pague mais do que aquilo que deve pagar. Diz que deve-se premiar quem reduz os riscos e puxa pela sustentabilidade.

A NOS afirma que tem respeito pela proteção de dados e tem isso em conta de raiz no desenho dos seus produtos. Todos os dados que pode usar para melhorar a experiência dos seus clientes, como exemplo, os consumos feitos. Mas esses dados são feitos para melhorar os seus serviços. Manuel Ramalho Eanes diz que ainda não estamos a utilizar convenientemente os dados para nosso benefício. E com isso, estamos a ficar menos competitivos, sobretudo nesta era da IA generativa. Isto porque a IA aprende com os dados disponíveis e se estes não existirem, não há projetos de IA.

A SIBS está envolvida na solução do Euro Digital. Madalena Cascais Tomé diz que a IA já é utilizada na sua transformação e que as empresas que não o fizeram ficam para trás. Afirma que a empresa é uma das que mais investe na investigação e desenvolvimento dos seus lucros. As empresas, por regulamento europeu, vão ter que medir o impacto ambiental, de governance e outros indicadores.

A empresa pretende ajudar as empresas na sua transformação digital. Diz que o MB Way Eco é um dos primeiros produtos construídos para a sustentabilidade, que tem como objetivo eliminar o papel dos recibos, por exemplo. O pagamento europeu é considerado um dos sistemas mais avançados do mundo, com o MB Way a ser uma das lanternas neste sucesso. A empresa está a colaborar com outras entidades internacionais para uma cobertura europeia, daí o tema da comunidade dentro deste sector.

Sobre o Euro Digital, Madalena Cascais Tomé diz que o MB Way é a única solução europeia dentro da plataforma e por isso considera que está na vanguarda desta tecnologia. Mas considera que as iniciativas públicas e privadas têm de colaborar entre si.

Na DXC, a inteligência artificial não é de agora, mas que usa há muitos anos. Diz que a diferença atual é a quantidade de dados disponíveis, mas também a tecnológica capaz de a analisar. A IA pode ser usada em processos internos, como para os clientes. Os colaboradores passam a ser mais produtivos. A empresa está a trabalhar com outras organizações para que consigam ter impacto nos seus clientes. A IA está em todo o processo e na DXC consegue trabalhar em escala. Todas as empresas estão a fazer projetos com IA generativa. O desafio seguinte é tornar esses modelos num processo de escala.