Em dezembro de 2011, a taxa de desemprego entre os jovens era de 30,8%, segundo os últimos dados do Eurostat, fazendo com que o país continue a somar o terceiro valor mais alto da União Europeia a seguir à Espanha e à Eslováquia.

Muitos dos jovens desempregados são licenciados, como atestam os números revelados há uns dias pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), mas poucos terão formação superior em cursos ligados à área das tecnologias. Esses continuam a ter, em alguns casos, emprego garantido, por vezes mesmo antes de terem terminado a faculdade.

Na Universidade Técnica de Lisboa a grande maioria dos diplomados consegue emprego pouco depois de terminar o curso, sendo que quase metade começa a trabalhar durante os estudos, de acordo com os resultados de um inquérito de empregabilidade dos diplomados em 2009.

A análise indica ainda que quase metade dos diplomados (45%) obtém o primeiro emprego mesmo antes de terminar o curso e que 84% estão empregados após seis meses. Noventa e cinco por cento obteve o primeiro emprego durante o primeiro ano após terminar o curso.

Com cursos na área da Engenharia, Arquitetura, Ciência e Tecnologia, os números do Instituto Superior Técnico refletem os mostrados no global das restantes escolas da Universidade: 61% dos alunos conseguem emprego antes de concluir o curso e 92% até seis meses após a conclusão.

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"Em termos de cursos destaca-se a Engenharia de Redes e Comunicação com pleno emprego ao fim de um mês. A Engenharia informática tem 94,2% dos alunos colocados até um mês após a conclusão do curso", referiu Luís Caldas de Oliveira, do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores do Instituto Superior Técnico, em declarações ao TeK.

A escola conta atualmente com perto de 11.000 alunos distribuídos por 19 cursos de Licenciatura, 28 programas de Mestrado e 31 de Doutoramento, lecionados por mais de 1.000 docentes e investigadores.

Os elevados índices de empregabilidade nos cursos ligados às Tecnologias da Informação e Comunicação são atestados por universidades de norte a sul do país.

Na Universidade do Minho, Engenharia das Comunicações encabeça a lista de cursos com maior índice de empregabilidade, a par de Medicina, com índices que entre 2008 e 2010 se situaram nos 100%. Enquanto isso, as licenciaturas em Educação ou Negócios Internacionais, por comparação, registaram taxas de desemprego acima dos 10%.

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Licenciatura em Ciência de Computadores, Mestrado Integrado em Engenharia de Redes e Sistemas Informáticos, Mestrado em Ciência de Computadores com especializações em "Data Mining e Processamento Avançado de Dados", "Lógica e Programação" e "Processamento Paralelo e Distribuído" e Mestrado em Informática Médica são algumas das ofertas educativas disponibilizadas pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP).

"A licenciatura em Ciência de Computadores e o Mestrado Integrado têm tido uma procura satisfatória, preenchendo todas as vagas disponíveis", avança Alipio Jorge. "A procura do Mestrado em Ciência de Computadores aumentou significativamente este ano em parte devido à procura da nova especialização em 'Data Mining e Processamento Avançado de Dados'. O Mestrado de Informática Médica tem tido muito sucesso, com uma procura considerável".

Um sinal de alta empregabilidade dos cursos ministrados na FCUP na área da computação/informática em geral revela-se na dificuldade em encontrar candidatos disponíveis para bolsas de investigação, nota Alipio Jorge.

Relativos a 2008, os dados mais recentes da faculdade mostram uma taxa de emprego de
93,3% para o Mestrado Integrado e de 87,5% para Licenciatura em CC (três anos), prosseguindo muitos dos alunos para outros estudos.

Relativamente ao Mestrado em Ciência de Computadores, a mesma fonte indica uma empregabilidade de 100% (incluindo os que prosseguiram para doutoramento) com cerca de 67% a preferirem ir para a indústria. "De uma forma geral os nossos mestres têm facilidade de colocação, quer em carreira científica, ocupando lugares de bolseiros ou prosseguindo para doutoramento, quer em carreira não-académica, estando alguns já colocados quando frequentam o mestrado", refere Alipio Jorge.

Promessa de emprego "agarra" interessados

O facto de a grande maioria dos cursos ligados às TIC garantirem lugar no mercado de trabalho faz com que os índices de procura para os mesmos sejam também elevados.

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O Mestrado Integrado em Engenharia Informática e Computação é dos cursos com maior número de inscritos este ano letivo (195) na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).

Com saídas profissionais como Arquitetura e conceção de sistemas de informação, Gestão de sistemas informáticos ou de centros de informática ou Investigação ou desenvolvimento tecnológico, o Mestrado Integrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores é outro dos casos onde o número de inscritos tem aumentado - 102 no ano letivo de 2011/2012 e 105 em 2012/2013, refere Liliana Carvalho, coordenadora da área de marketing da FEUP.

No primeiro caso a taxa de empregabilidade até seis meses após o término do curso - em atividade profissional remunerada ou em formação pós-graduada - é de 100%, enquanto no segundo ronda os 83,6% - dados de junho de 2011 relativamente à empregabilidade em 2009/10.

Em média, na FEUP os cursos - e incluindo as restantes engenharias (Ambiente, Civil, entre outras) - têm uma taxa de empregabilidade de 81,74%.

Na Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra, a Engenharia Informática também foi dos cursos mais procurados este ano lectivo, a par da Engenharia Mecânica, Engenharia Biomédica e Design e Multimédia.

A procura relativa ao curso de Engenharia Informática tem-se mantido estável desde 2009, avança o gabinete de comunicação da faculdade.

Mestrado Integrado em Engenharia Electrónica e Telecomunicações, Mestrado Integrado em
Computadores e Telemática, Licenciatura em Tecnologias e Sistemas de Informação e Mestrado em Sistemas de Informação são os cursos atualmente disponibilizados pelo Departamento de Electrónica, Telecomunicações e Informática (DETI) da Universidade de Aveiro, todos com uma procura crescente e superior à oferta.

"Verifica-se que os nossos alunos começam a ser recrutados pelas empresas antes mesmo de terminarem o curso e nós próprios temos dificuldade em recrutar bolseiros para os nossos projetos de investigação devido à grande procura por parte das empresas destes profissionais altamente qualificados", indicou Arnaldo Martins, diretor do Departamento.

A empregabilidade é total. "Um inquérito recente realizado pelo DETI junto dos graduados do último ano letivo indica que ao fim de seis meses praticamente todos estão empregados", acrescenta o responsável.

Empregados e bem remunerados?

A maior parte das Universidades não tem informação sistematizada sobre os níveis de remuneração, mas de uma forma ou outra as instituições de ensino são conhecedora da realidade remuneratória dos seus ex-alunos, pelo menos no início da carreira.

No DETI da Universidade de Aveiro, o inquérito mais recente mostra que um valor típico para recém-graduados é da ordem dos 1.000 euros, podendo ir até aos 2.000 euros.

Os inquéritos da FCUP indicam um rendimento mensal líquido no primeiro emprego situado sobretudo ao nível dos 800 e os 1.100 Euros.

No Instituto Superior Técnico, mais de 31% dos alunos inscritos em Engenharia informática conseguem uma remuneração ilíquida acima dos 1.500 euros mensais. Com uma empregabilidade de 78,4% no mês seguinte à conclusão do curso, 32,3% dos alunos inscritos em Engenharia Eletrotécnica também têm ordenados acima dos 1.500 euros.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Patrícia Calé