Numa entrevista dirigida aos colaboradores Henrique Granadeiro, presidente da PT, admite que a decisão de autonomizar a PT Multimédia não é alheia à opinião que o regulador e o próprio Estado já tinham manifestado em matéria de separação das redes, como também não foi alheia ao processo da OPA.




Contudo, o responsável garante que a operação não poderia ter sido realizada há um ano atrás, antes da empresa ter condições para adicionar uma oferta de voz ao cabo, ou haver condições para lançar uma oferta de IPTV. À data de hoje antecipa o sucesso da operação e e vê na PT Multimédia um futuro forte concorrente da PT, que a prazo deverá ter de se munir de uma oferta móvel.




Na mesma entrevista, o responsável admite a hipótese do spin-off só se vir a realizar em 2008, embora garantindo que a PT vai fazer todos os esforços para conseguir avançar com a operação ainda este ano.




Sobre os investimentos internacionais é reafirmado o interesse em Africa e em mercados asiáticos como a China. Quanto ao Brasil, Granadeiro diz que "não há activos inalienáveis" mas que o país "é uma geografia onde queremos estar". O responsável reconhece que a Vivo teve problemas graves, mas diz que está iniciado "o caminho da recuperação" e acrescenta que na Vivo ou de outra forma, o Brasil se mantém uma aposta estratégica.




No que se refere à parceria com a Telefonica, Henrique Granadeiro admite que a posição adoptada pela empresa de telecomunicações espanhola na OPA "provocou uma ruptura no quadro estratégico de cooperação dos últimos dez anos". A empresa terá agora tempo para definir uma posição. Se não o fizer Henrique Granadeiro reserva-se o direito de tomar as medidas que achar adequadas. "Se a Telefónica sair do capital da PT não vai ser nenhuma tragédia", considera.




No plano nacional a estratégia de futuro passa pela integração de um número cada vez maior de serviços na rede fixa, por forma a aumentar valor para o cliente e travar a queda no número de clientes que já chegou a atingir os 120 mil clientes por trimestre.




A qualidade, garante Granadeiro, é a aposta da PT no mercado interno, objectivo que se inclui nas medidas de saneamento das principais operações do grupo, também desenhadas com objectivos de poupança de custos. "Temos de ser austeros e muito cuidadosos", defende o responsável.




Ao nível da regulação, Granadeiro diz que os reguladores não são "vacas sagradas" e que embora a PT privilegie um relacionamento cordial com estes organismos irá usar os recursos à sua disposição para recorrer de uma decisão, sempre que for necessário. Sobre isto Granadeiro acrescenta que a PT não admite, nem aceitará condições regulatórias piores do que as que foram concedidas para a OPA.

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