A apresentação de resultados da Portugal Telecom, relativos aos primeiros nove meses do ano, ficou marcada pela intenção de passar a mensagem de que o grupo está a concentrar esforços na integração de todos os seus produtos e serviços. Miguel Horta e Costa, CEO da PT, fez questão de sublinhar que "o modelo empresarial que pretende implementar a nova visão do grupo está concluído", garantindo que a empresa passou a trabalhar numa plataforma única que fornece de forma integrada voz - fixa e móvel - e dados.




Para a implementação do novo modelo de gestão Horta e Costa sublinhou a importância de algumas áreas fundamentais, onde se tem concentrado o trabalho da gestão citando a PT Pro (uma estrutura de serviços partilhados que no final deste ano reunirá mil trabalhadores do grupo), a PT Compras (que centralizará as compras do grupo) e a PT Sistemas de Informação (mais antiga mas reorganizada com o objectivo de passar a trabalhar também para as subsidiárias do Brasil).



Horta e Costa garante que a PT está preparada para gerir a migração fixo/móvel patente nos últimos anos, introduzindo também aqui uma alteração ao discurso normal do grupo e encarando com maior naturalidade o facto de 53 por cento do tráfego de voz ser já móvel.



A "renovada" PT (patente deste o início do ano) reafirmou a sua intenção de crescer em todas as áreas. Dentro e fora do mercado doméstico. O propósito foi justificado com alguns números a partir dos quais a PT considera que no mercado de cabo e vídeo, por exemplo, há espaço para um milhão de novos clientes, enquanto no móvel o grupo afirma existir mercado (interno) para dois milhões de novos cartões. Horta e Costa considera que este mercado potencial tornar-se-á claro caso todos os operadores "façam uma limpeza às suas bases de dados" e poderá tornar-se uma realidade ao longo do próximo ano. No móvel, a PT aproveitou a ocasião para dizer que angariou, até ao final de Setembro, 10 mil clientes para o serviço i9.



Ao nível da rede fixa (que representa 50 por cento do cash flow operacional da holding) a Internet é a grande aposta do grupo, garante o CEO, revelando que aqui a PT já realizou um investimento de 100 milhões de euros, contra investimento bastante inferiores dos seus concorrentes.



Em termos globais, a PT pretende terminar o ano com um investimento de 2,1 mil milhões de euros, conforma já tinha sido anunciado pelo administrador Zeinal Bava. Já para o próximo ano o grupo pretende reduzir esta verba estimando um capex de 700 milhões de euros.



A gestão do grupo tem nos últimos dois anos sido marcada pelos objectivos de redução da dívida. No final de 2003 esta deverá fixar-se nos 3,2 mil milhões de euros atingindo assim os objectivos traçados pela gestão, garantiu Horta e Costa. O mesmo responsável explicou, no entanto, que a maior subsidiária do grupo (a PT Comunicações) continua à margem dos critérios de eficiência traçados pela gestão mantendo-se, por isso, o nível de rescisões para o próximo ano. Isto significa que deverão sair da PT Comunicações mais 1500 pessoas durante o próximo ano.



Lucros sofrem impacto das rescisões



Nos primeiros nove meses do ano as receitas de exploração da PT aumentaram 0,4 por cento, para os 4,2 mil milhões de euros, influenciadas pelos custos decorrentes das rescisões na PT Comunicações. Os custos operacionais mantiveram-se ao mesmo nível fixando-se nos 3,2 mil milhões de euros, enquanto os lucros caíram 13,1 por cento para os 279 milhões de euros.



A empresa explica que o programa de redução de pessoal teve custos na ordem dos 288 milhões de euros, abrangendo 1.500 funcionários, o que influenciou negativamente os resultados líquidos. Se não fossem considerados estes custos os resultados líquidos da empresa teriam ascendido a 472 milhões de euros, indica o comunicado publicado no site da CMVM.


Em termos de performance operacional a empresa detinha no final de Setembro 30,7 milhões de clientes, registando um crescimento de 13,8% face a igual período do ano anterior. A maior taxa de crescimento foi registada nos clientes de serviços de banda larga, que subiram 150%, seguindo-se a rede móvel com um aumento de 15,6%.




Na área da PT Comunicações, seguindo a nova aposta nos pacotes de minutos, a empresa reportou ter vendido, até ao final de Setembro de 2003, mais de 277 mil pacotes de preços, dos quais 111 mil foram colocados no mercado durante o terceiro trimestre. Porém, o ARPU total (que engloba voz e dados) diminuiu 1,3% no terceiro trimestre de 2003 em relação a igual período do ano anterior, situando-se agora nos 35 Euros. Se for desdobrado o ARPU de voz e de dados, verifica-se que enquanto a área de Internet os custos mensais dos clientes aumentaram 51,7% em comparação com o mesmo período do ano anterior, na voz foi registada uma redução de 3,9% para 32,6 Euros.



No negócio móvel, a TMN angariou 186 mil novos clientes no terceiro trimestre de 2003, detendo até final de Setembro 4,7 milhões de clientes activos, num crescimento de 11,6% face ao mesmo período do ano anterior. Segundo o comunicado, o ARPU da operadora móvel sofreu uma redução de 4,1%, situando-se nos 26,9 Euros.



Apresentados também hoje, os resultados da PT Multimédia registam um crescimento do EBITDA superior a 60%, cifrando-se em 90 milhões de euros. Os resultados líquidos da sub-holding foram positivos, totalizando 8,9 milhões de euros, um valor que contrasta com o prejuízo registados no período homólogo de 2002, que ultrapassaram os 118 milhões de euros.

A empresa nota em comunicado que este é o terceiro trimestre consecutivo em que apresenta lucros, salientando ainda um acentuado crescimento dos negócios de subscrição de serviço de televisão e Internet por cabo.



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