Espanha (Valência) e a Roménia são os dois candidatos com que Portugal concorre para a instalação de um centro de Business Process Outsourcing na área dos cartões de crédito, num projeto que foi ganho pela HP para um prazo de 10 anos. Manuel Lopes da Costa, o novo diretor-geral da HP em Portugal, está confiante nas competências de Portugal para instalar este centro, até porque a empresa já gere em Portugal o centro de fraude da Caixa Geral de Depósitos.

A decisão sobre a instalação deste centro será tomada nos próximos seis meses, e embora não avance valores de investimento o diretor-geral da HP garante que vai criar "pelo menos" 300 a 1.000 postos de trabalho, conseguindo contratar a cada dois meses 50 pessoas até chegar aos 300, mas estimando um potencial maior se conseguir outros contratos para o centro de BPO.

As valências do centro de competências vão centrar-se no controle de fraude de cartões de crédito, apoio ao cliente de perda e extravio, o fabrico dos próprios cartões e outros processos de negócio associados. Manuel Lopes da Costa não adianta o nome do cliente do contrato, mas garante que são bancos europeus, o que permitirá ao centro ser "exportador líquido" de serviços.

A localização do centro de BPO em Portugal, se a HP conseguir ganhar internamente este projeto, não está ainda definida, mas o diretor-geral da HP admite que vê com bons olhos várias localizações. Foram referidos nomes como a Covilhã, onde estão a ser criados centros de competências nesta área e o datacenter da PT, Évora onde a HP já tem um centro e mesmo o Porto, onde há uma massa crítica de pessoas com potencial e competências nesta área, que vinham do sector bancário.

Prioridade: ser relevante para Portugal

O projeto de instalação do centro de competências é uma das apostas de Manuel Lopes da Costa, que assumiu a liderança executiva da HP Portugal a 1 de Dezembro de 2011. O executivo que tem uma carreira nas consultoras Accenture e Deloitte afirma que "a minha prioridade é ser relevante para Portugal", criando empregos e afirmando a empresa em áreas onde a HP pode crescer e competir com outros países.

O novo diretor-geral da HP deixou bem claro aos jornalistas que se vai dedicar mais aos serviços e software, até porque acredita que esta é a área onde a empresa tem maior potencial de crescimento e onde pode efetivamente ser um exportador líquido.

Mesmo assim garante que não vai deixar cair os mercados onde a HP está bem posicionada, nomeadamente na área de servidores e de produtos de consumo (PCs e impressoras), onde o objetivo é manter a quota de mercado apesar das margens cada vez mais curtas.

Recorde-se que o anterior CEO da HP, Leo Apotheker, chegou a anunciar a possibilidade de venda da unidade de PCs e o desinvestimento no WebOS, antes de sair da empresa. Essa hipótese já foi afastada por Meg Whitman, a nova líder da HP, que detalhou recentemente a nova estratégia da tecnológica.

Apesar da atual conjuntura económica, o novo diretor-geral da HP em Portugal tem uma expetativa de crescimento para a empresa, escusando-se porém a adiantar números. Esse crescimento será claramente sustentado na área empresarial e de serviços, afirma.

As contas relativas a 2011 só serão fechadas em Março, mas a faturação desceu em relação ao ano anterior e "o ano não foi brilhante", confessa.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Fátima Caçador