
Portugal tem vindo a posicionar-se como um hub europeu na área dos centros de dados e um novo estudo sobre o tema faz agora as contas ao impacto que uma estratégia consistente a consolidada nesse sentido pode ter para a economia nacional.
Nos últimos três anos (2022 e 2024) calcula-se que os centros de dados que já existem no país contribuíram com 311 milhões de euros para o PIB português, “apoiando ainda cerca de 1700 empregos por ano”, mas o valor pode aumentar significativamente.
Segundo as conclusões da pesquisa “Avaliação dos Benefícios Socioeconómicos do Setor dos Centros de Dados em Portugal”, o desenvolvimento contínuo dos centros de dados no país pode contribuir até 26 mil milhões de euros para o PIB nacional, entre 2025 e 2030. Ao ano, esse contributo pode atingir os 4,4 mil milhões de euros.
A análise realizada pela Copenhagen Economics antecipa ainda que o sector tem capacidade para sustentar até 50 mil postos de trabalho a tempo inteiro por ano, incluindo postos de trabalho diretos, indiretos e induzidos, se as condições regulatórias e de investimento forem favoráveis.
Já mão-de-obra qualificada não falta. A pesquisa sublinha a disponibilidade de 230 mil profissionais qualificados nas áreas de Tecnologias de Informação e Comunicação em Portugal, um cenário que fica ainda mais favorável abrindo o leque a todo o universo de profissionais STEM.
A evolução do mercado, com a expansão da inteligência artificial e a procura crescente de soluções cloud, vão acelerar a procura de infraestruturas modernas e resilientes. A análise estima que essa procura cresça 33% até 2030, com Portugal bem posicionado para tirar partido da tendência.
Entre os fatores que ajudam a posicionar bem Portugal para tirar partido desta oportunidade está desde logo o facto de cerca de 25% dos cabos submarinos mundiais passarem por Portugal. Internamente, também é positivo o facto da cobertura de fibra ótica atingir os 92%, sendo a terceira melhor da União Europeia.
Destacam-se igualmente os custos de eletricidade competitivos – cerca de 30% abaixo da média europeia – e uma grande oferta de eletricidade proveniente de fontes renováveis: 87,5% da geração líquida total.
O posicionamento geográfico do país, com a sua extensa costa atlântica, “oferece ainda condições para soluções de arrefecimento eficiente, com uso de água do mar, que contribuem para reduzir o consumo de água doce, o consumo energético e os custos operacionais”, sublinha o estudo.
O estudo encomendado pela Start Campus, responsável por um investimento de 8,5 mil milhões de euros em Sines precisamente nesta área dos centros de dados, pretende deixar claro que os benefícios gerados pelos centros de dados que já existem no país são apenas uma fração das oportunidades futuras, e identifica cinco áreas críticas de atuação para que essas oportunidades continuem a crescer.
Garantir previsibilidade e acesso à rede elétrica e a componentes como chips; agilizar os processos de licenciamento para infraestruturas tecnológicas e energéticas; desenvolver medidas direcionadas para investimento em centros de dados; e promover a digitalização e a adoção da IA em todo o sector empresarial e administração pública são as cinco áreas de intervenção alinhadas pela pesquisa.
“Portugal reúne todas as condições para se afirmar como hub digital e de IA de referência na Europa: conectividade estratégica, energia limpa e profissionais altamente qualificados. Este estudo confirma que, com políticas públicas adequadas, os centros de dados podem ser motores de crescimento económico e coesão territorial”, defende Robert Dunn, CEO da Start Campus, citado em comunicado.
Já a empresa que fez o estudo alerta o país para a necessidade de agir de forma a não desperdiçar o potencial que tem porque a concorrência é grande. “Portugal está a emergir como um destino europeu relevante para investimentos em centros de dados, mas o seu potencial não está garantido, dada a intensa concorrência internacional para acolher infraestruturas digitais", acrescenta Bruno Basalisco, diretor da Copenhagen Economics.
O estudo foi realizado com base em dados da Eurostat e da OCDE e entrevistas a cerca de 15 stakeholders do ecossistema digital, onde se incluem AICEP, ANACOM, FCT, empresas tecnológicas internacionais e autoridades locais.
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