O desenvolvimento de software é uma das áreas onde se sabe que a inteligência artificial generativa pode provocar uma revolução. Um novo estudo da IDC vem agora fazer as contas ao impacto esperado destas tecnologias nessa área, calculando que, até 2028, as ferramentas baseadas em IA Generativa serão capazes de escrever 80% dos testes de software.

No relatório IDC FutureScape: Worldwide Generative Artificial Intelligence 2024 Prediction, a consultora avança que as ferramentas de teste e qualidade automatizada de software são o expoente máximo da adoção de IA ao serviço do desenvolvimento de software. “O trabalho ‘aborrecido’ de testar uma aplicação para verificar a funcionalidade, a experiência de utilizador e para abordar outros desafios de software, foi fortemente atenuado por ferramentas de teste automatizadas”, refere a IDC, nas suas previsões de abril.

Espera-se por isso que a tecnologia mude tão rapidamente o cenário do teste de software que alguns fornecedores daqui a quatro anos estarão a produzir quatro quintos dos seus testes de software por esta via, para diminuir o esforço manual e melhorar a cobertura de teste, conseguindo com isso uma maior qualidade de código.

Esta adoção em massa de ferramentas baseadas em IA Generativa vai reduzir a necessidade de testes manuais e resultar em melhorias na cobertura de testes, utilidade do software e qualidade do código. “Em vez de ter utilizadores a criar scripts, a fazer a gestão e priorizando testes, os sistemas de IA generativa podem potenciar a repetição dos testes com mínima intervenção humana”, sublinha-se.

As principais áreas de foco para incentivar testes com IA/ML vão passar assim, nesta perspetiva, por identificar a causa dos testes falhados, criação de casos de teste e processos de autocorreção.

Por outro lado, sublinha-se que a rápida adoção de práticas e ferramentas DevOps e DevSecOps, nos últimos sete anos, também “aumentou a necessidade de testes automatizados, para permitir que se torne um componente integrado de um loop de desenvolvimento contínuo de integração/entrega contínua (CI/CD)”.

Os primeiros recursos de IA adaptáveis a este fim foram rapidamente adotados pelas empresas de teste de software e as ferramentas de teste mais populares hoje tiram partido destas tecnologias para melhorar um conjunto de testes, desde testes funcionais e de desempenho a testes contínuos. As ferramentas mais usadas já para este fim foram desenvolvidas por empresas como HCL/IBM, Keysight, OpenText, Parasoft, Tricentis, SmartBear e UiPath, exemplifica a IDC.

Esta é, no entanto, uma evolução que está a criar desigualdades no mercado porque as ferramentas mais avançadas estão mais acessíveis aos grandes fornecedores, com orçamentos mais generosos. Os concorrentes com menos meios financeiros vão provavelmente ter de continuar a recorrer a soluções de código aberto, com um custo mais baixo, mas menos flexíveis em termos de integração.