Hoje foi dia da PT Empresas reunir clientes, parceiros e colaboradores no Centro de Congressos do Estoril, mostrando soluções desenvolvidas internamente e dinamizadas com  outras tecnológicas nacionais e internacionais, promovendo sessões de apresentação e demonstrações one to one para mais de 800 pessoas durante a manhã, um número que passa para 950 durante a tarde.

É um kick off comercial mas a empresa do Grupo Altice que está focada no mercado empresarial quer que seja também uma mostra de uma nova forma de trabalhar, mais aberta e mais virada para as necessidades dos clientes e de um mercado cada vez mais competitivo.

Numa pequena entrevista ao SAPO TEK, João Sousa explica a estratégia, fala do mercado, das parcerias e do Datacenter da Covilhã, onde continua a investir.

SAPO TEK: Qual a importância que a PT Empresas reconhece nos parceiros e como é que têm ajudado a responder aos clientes

João Sousa: A estratégia está muito alinhada com o que vemos para a PT Empresas e a forma como vemos a evolução do sector de telecomunicações. Há cerca de 3 anos, quando assumi estas funções, percebemos que já não é possível estar no mercado só como operador de telecomunicações. Os nosso clientes pedem-nos soluções para as suas empresas que precisam de ser mais eficientes e isso só é possível casando telecomunicações com  tecnologia e foi isso que nós começámos a desenvolver, somos uma casa de engenheiros, reconhecidamente de qualidade, mas não podíamos ter todas as soluções a serem desenvolvidas internamente, pela velocidade e pelo know how, e por isso fomos para o mercado à procura das melhores soluções de parceiros que pudéssemos agregar às nossas ofertas e depois levá-las para os nossos clientes.

Hoje o que temos aqui é um culminar disso, desde grandes multinacionais como a Google e a Microsoft até pequenas startups portuguesas que se associaram a nós e viram na marca PT empresas uma boa forma de ir para o mercado

Estamos com mais de 25 parceiros, com soluções agregadas à nossa infraestrutura e tecnologia e vamos ter mais de 25 sessões em simultâneo onde os parceiros e as nossas equipas internas estão a apresentar estas soluções aos nossos clientes

Tem corrido bastante bem, os clientes estão muito contentes, percebem que a tecnologia é um enabler para competir no mercado global e portanto é um caminho para continuar

SAPO TEK: Este caminho já vem de antes, com a ligação do Grupo PT a Aveiro e às empresas, mas agora há mudanças?

João Sousa:  Sim, este posicionamento já existia, mas com a entrada da Altice houve uma aceleração deste movimento, até por causa da entrada dos grandes players internacionais que de alguma forma podem-se substituir aos operadores de telecomunicações. E como está dentro do nosso ADN a capacidade de reagir e inovar acelerámos esse processo com a entrada da Altice. Não escondo que é uma vantagem competitiva para mim ter uma Altice Labs em Aveiro com mais de 700 engenheiros a desenvolver soluções e isso dá-nos uma credibilidade bastante boa no mercado nacional e internacional, ou ter 7 datacenters onde temos a nossa estrela, que é o Datacenter da Covilhã. Isso é a boa infraestrutura que nos permite depois chegar ao pé dos parceiros e estes verem-nos como o principal operador para trabalhar no mercado português. Um exemplo disso é a parceria onde a SAP e a Accenture se juntaram para o nosso datacenter ser o único certificado no país a receber s soluções cloud da SAP.

SAPO TEK: Hoje o mundo é muito diferente, as empresas estão mais abertas a uma coopetition, como é que gerem essa relação com as grandes empresas que também têm outros parceiros.

João Sousa: A forma como gerimos é trazer os nossos ativos para cima da mesa. Hoje somos líderes nas soluções ‘core’, com mais de 50% de quota de mercado, felizmente a crescer todos os meses, temos mais de 800 comerciais todos os dias na rua a contactar clientes.

Também achamos que estamos um passo mais à frente do que os nossos concorrentes. Para nós a convergência do fixo e do móvel é algo que já fazemos há bastantes anos, começámos a fazer convergência das comunicações e tecnologia há bastante tempo, e portanto estamos numa fase bastante madura, o que é algo que os parceiros veem com bons olhos. E está também no nosso ADN sermos bastante competitivos no mercado, porque isso obriga-nos a melhorar todos os dias e ir à procura de novas formas de trabalhar. Este evento é uma nova forma de trabalhar, porque tipicamente os kick offs comerciais são virados para dentro e nós fizemos virado para fora, juntando as equipas internas e as externas.

SAPO TEK: Nas outras operações da Altice, que eu não conheço profundamente, não existem unidades para as empresas com a mesma dimensão e abrangência da PT Empresas, como é que o Grupo olha para esta operação?

João de Sousa: Sendo nós, dentro do Grupo Altice, o segmento empresarial mais desenvolvido em todas as geografias, apoiam-nos a fazer estes movimentos diruptivos e que de alguma forma replicam depois nas outras geografias.  E isso acontece pela nossa capacidade de trabalho mas também pelo próprio mercado português, porque devemos ser dos países com o sector de telecomunicações mais desenvolvido, mesmo quando comparado com grandes potências mundiais. E tudo isto, associado ao facto de termos empresas bastante exigentes e de Portugal ser bastante forte no sector, faz com que a Altice Portugal seja uma jóia na coroa do Grupo Altive e o sector empresarial, com a PT Empresas também no mesmo alinhamento.

SAPO TEK: Qual é o papel do Datacenter nesta estratégia? Referiu 7 datacenters mas a intenção não era reduzir esse número?

João Sousa: Nunca tivemos intenção de reduzir o número de datacenters. Temos uma estratégia muito forte em TIC e ter uma infraestrutura de datacenter é um ativo que nos permite diferenciar face à concorrência. O facto de ter um na Madeira, um nos Açores, em Lisboa e no Porto, e o da Covilhã que é a jóia da coroa sempre fez parte da nossa estratégia. O datacenter da Covilhã compara com os melhores a nível internacional, é um Tier 3, mas faz parte de uma infraestrutura que é importante porque muitas vezes os nossos clientes querem ter os seus dados geograficamente na sua cidade mas depois precisam de ter o Disaster Recovery noutra localização e esta distribuição para nós é uma vantagem competitiva.

Estamos muito satisfeitos com esta estratégia e muitas vezes não comunicamos mais porque um dos temas importantes é a segurança e o sigilo, e por isso não divulgamos quais os clientes que temos e a razão da escolha das localizações.

SAPO TEK: E o plano de fazer crescer o datacenter da Covilhã, construindo mais blocos, está previsto para médio prazo?

João Sousa: Se continuar neste ritmo, e felizmente o nosso acionista sempre nos deu as ferramentas de investimento necessárias para servir melhor os nossos clientes, irá acontecer no prazo que for necessário. Neste momento estamos na fase de levar os nossos clientes a colocar as suas infraestruturas nos nossos datacenters, está a correr na velocidade que esperaríamos e estamos bastante contentes e quando for a altura de fazer novos investimentos iremos fazê-lo. Não escondo que quando o Datacenter da Covilhã foi desenhado foi muito para ir buscar estas infraestruturas que estavam noutras localizações geográficas da Portugal Telecom e havia uma preocupação de ser mais acelerado do que hoje, que trabalhamos mais para o mercado nacional, e portante vai ser ao ritmo dos movimentos que o mercado nacional vai fazer.

E este acordo de ser o único datacenter em Portugal com capacidade para receber soluções da SAP não só para Portugal mas para o mercado internacional vai-nos ajudar nesta estratégia de crescimento.

SAPO TEK: Falou do mercado português e da sua maturidade em telecomunicações e TI. Como vê a evolução do investimento?

João Sousa: Eu acho que há três grandes segmentos. A crise, o ideal era que não acontecesse, mas tipicamente quando acontece as pessoas aprendem e ficam mais fortes e acontece o mesmo com as organizações, e acho que aconteceram três grande movimentos neste mundo pós crise: um foi o crescimento do mundo das startups, com uma nova geração muito bem formada e preparada que criou os seus próprios negócios e a tecnologia veio ajuda, democratizando o acesso a tecnologia para que pudessem criar as suas empresas, e hoje temos um grande ecossistema de startups, também com a ajuda do Web Summit a que estamos associados. Hoje temos muitos empresários a criar os seus negócios e muitas startups já a consolidar, mas vemos também muitas pequenas e médias empresas que perceberam que a solução era internacionalizar e passaram um momento difícil, mas hoje está a correr bastante bem e temos projetos de sucesso, e encontramos grandes empresas eu já estavam consolidadas mas que têm de encontrar novas formas de poupar ser mais eficientes e eficazes para competir, e ai a tecnologia veio ajudar.

Hoje temos esses três sectores: Startups efervescentes e a crescer, PME a exportar e a perceber que é a única forma de crescer, e as grandes empresas a serem mais digitais e perceberem que essa é a forma de sobreviverem para o futuro e muitas vezes a competirem até com startups.

SAPO TEK: E isso criará novas condições de crescimento para 2019?

João Sousa: Sim. É claro que há sectores como o Turismo e da exportação, por exemplo na região norte, que estão com muita força e otimismo, mas há toda uma economia que está a crescer e as empresas estão otimistas. Muitas delas estão a passar por projetos gigantes de transformação porque competem com empresas pequenas, eficiente e eficazes e nós achamos que as nossas ferramentas vão ajudar estas empresas a competirem neste mercado global.