A Cegid investiu 4 milhões de euros no Centro de Excelência em Inteligência Artificial, nos polos de Lisboa e Braga. O objetivo é continuar a desenvolver agentes de inteligência artificial, tanto generativa como analítica, num investimento de 4 milhões de euros. Estes agentes já estão a ser exportados por toda a Europa, do Reino Unido, França, Benelux, Itália, Espanha e Escandinávia e a Cegid já está a preparar a expansão para breve em África.
Estes agentes, que receberam o nome coletivo de Cegid Pulse, permitem realizar análises financeiras, fornecendo insights e previsões. Também deteta erros no processamento de salários, erros contabilísticos e ainda propõe soluções. O sistema faz pesquisa e resumo da informação em bases de dados muito vastas, como o ChatGPT, além de analisar informação, fazendo uma triagem dos dados com base nas indicações introduzidas.
Josep Maria Raventós, diretor executivo da Cegid em Portugal e África, explicou em entrevista ao SAPO TEK a importância da democratização do acesso à IA nas empresas. “É fundamental para garantir que organizações de todos os tamanhos possam usufruir do potencial transformador desta tecnologia”, e acrescenta que a IA não deve ser um privilégio exclusivo das grandes empresas, com vastos recursos.
Independentemente do tamanho da empresa ou do respetivo sector de atividade, a Cegid procura oferecer soluções baseadas em IA para que os gestores possam beneficiar das suas vantagens. “Ao tornar a IA acessível, permitimos que PMEs elevem o potencial dos seus negócios, promovendo a inclusão tecnológica e permitindo que mais organizações beneficiem das vantagens competitivas proporcionadas pela IA”, aponta Josep Maria Raventós.
A adoção da IA ainda enfrenta alguns desafios, tais como a necessidade de maior literacia tecnológica. O líder da Cegid refere ainda ser essencial que a cloud tenha uma penetração a larga escala, para que se possas explorar todo o potencial que a IA pode oferecer à gestão. “Penso que os principais desafios incluem a falta de conhecimento especializado, a resistência à mudança e as preocupações com a segurança e a privacidade dos dados”. A falta de competências digitais para implementar a tecnologia é também apontada e por isso as empresas precisam de uma adaptação na cultura.
E esse é também o papel da Cegid, apoiar as empresas a transformarem-se e adaptarem-se para abraçar a tecnologia de IA. A empresa oferece webinars, eventos presenciais e formações na Cegid Academy para partilhar o conhecimento de inteligência artificial. Recentemente a Cegid anunciou o reembolso do cheque-formação +digital, caso o IEFP não aprove uma candidatura. A sua academia oferece formações até ao final do ano em áreas de IA, Negociação em Gestão de Projetos, Marketing Digital, software Cegid e outros cursos de reconversão profissional.
Segundo Josep Maria Raventós, a Cegid tem o compromisso com a transparência e ética na adoção de IA e assegura que todas as suas soluções são desenvolvidas e implementadas com responsabilidade. “Orgulhamo-nos de ser uma das primeiras signatárias do Pacto da União Europeia para a Inteligência Artificial e dos seus compromissos voluntários, o que reforça o nosso compromisso no desenvolvimento ético e responsável da IA”.
Apesar de se falar muito em IA, muitas empresas ainda não implementaram uma estratégia de transformação digital com foco na IA. A falta de compreensão sobre o potencial da IA ou a perceção de que a implementação é complexa e dispendiosa, na ótica de Josep Maria Raventós, são motivos para travar esse progresso. Acredita que ainda há muito a fazer sobre a desmitificação do tema deste tema e essa é outra missão da empresa. Aumentar a literacia sobre a IA e mostrar como pode ser facilmente integrada são também parte do compromisso. As soluções da Cegid permitem ajudar as empresas a começar a sua jornada digital de forma gradual e colher os respetivos benefícios, enquanto se prepararam para uma transformação mais profunda.
Uma das soluções para o ponto de partida é começar a adoção da IA a partir dos sistemas que as empresas já utilizam. Esta abordagem permite que as empresas rentabilizem o investimento dos dados e infraestruturas que já possuem. “Não só aumentam o ROI como obtêm também ganhos de produtividade, eficiência e insights valiosos, dentro das soluções atuais e sem necessidade de interrupção das suas operações”.
O que são os agentes de IA Cegid Pulse?
Para explicar a tecnologia dos agentes de IA criados pela empresa, o SAPO TEK entrevistou também Pedro Vale, vice-presidente de Engenharia para a área de IA e Data na Cegid. Os agentes Cegid Pulse são assistentes inteligentes integrados nas soluções de gestão da empresa, que foram projetados para apoiar os utilizadores a executar as tarefas de forma mais eficiente. Pedro Vale refere que, de forma prática, “estes agentes utilizam a inteligência artificial para automatizar processos, fornecer recomendações e insights em tempo real, e simplificar a interação com o software”.
Num exemplo, um agente pode automatizar a gestão de despesas de viagem, onde estas são reconhecidas e alocadas automaticamente. Ou ajudar na criação de relatórios financeiros, gerando análises detalhadas com base nos dados mais recentes. Também no processo de recrutamento podem ser utilizados os agentes, ajudando na análise de currículos, fazendo uma sugestão dos melhores candidatos para determinada função. E no processamento salarial, ajustando as variáveis automaticamente com base em conversas com os colaboradores.
Estes agentes inteligentes Cegid Pulse estão a ser integrados em todas as soluções de gestão da empresa. A IA generativa oferece uma nova forma de trabalhar com as suas ferramentas de gestão, aponta Pedro Vale, e dependendo das necessidades e contexto do utilizador, esses agentes aproveitam os dados disponíveis na empresa para apoiar na execução de tarefas, conectar e simplificar processos.
Há um agente especializado em análise de riscos financeiros, outro para a gestão de despesas de viagem ou um terceiro para verificação de declarações fiscais. O Cegid Pulse tem “a capacidade de orquestrar múltiplos agentes, cada um especializado numa tarefa ou área específica, para responder aos pedidos dos utilizadores”.
A estratégia de IA da Cegid é apontada como transversal a todos os produtos e mercados, e por isso, estes agentes podem ser integrados em todas as suas soluções. Dessa forma, todos os clientes podem adquirir a sua tecnologia, independentemente do mercado em que operem, refere Pedro Vale. E acrescenta que a Cegid tem planos ambiciosos na expansão, tanto a nível nacional como internacional. Em Portugal, a empresa está a reforçar a equipa do Centro de Inteligência Artificial, tendo o objetivo de somar 150 especialistas em Ia durante 2025.
Comentando o pacto que a Cegid fez com a União Europeia para promover o desenvolvimento seguro da IA, Pedro Vale diz que a empresa garante aos utilizadores o controlo sobre a execução dos agentes de IA, utilizando mecanismos de aprovação e salvaguardas para aumentar a segurança. A implementação de uma tecnologia interna de gestão de acessos pretende assegurar a privacidade da informação dos utilizadores. O cumprimento dos regulamentos é prioridade, além de promover a confiança.
Na opinião de Pedro Vale, a IA está a evoluir rapidamente e a transformar a forma como as empresas operam. Em termos empresariais, a hiperautomatização de tarefas e processos é uma das tendências na evolução da IA, com os agentes a colaborar com utilizadores humanos. A colaboração permite maior eficiência e precisão, redução de carga de trabalho e permitir aos colaboradores um foco nas tarefas de maior valor.
A IA está também a tornar-se cada vez mais adaptável, aprendendo e ajustando-se às preferências dos utilizadores, numa experiência personalizada, aponta Pedro Vale. A capacidade de interagir com o software através de linguagem natural é fundamental, simplificando a utilização. De recordar que recentemente, durante o Web Summit, o CEO da Qualcomm, apontou a nova geração de aplicações para smartphones sem interfaces convencionais, apenas interações de voz com a IA.
“Na Cegid, estamos na vanguarda desta evolução, desenvolvendo soluções inovadoras que elevam o potencial dos negócios e ajudam as empresas a prosperarem num contexto empresarial cada vez mais dinâmico e complexo”.
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