Numa derrota inesperada para o Departamento de Justiça norte-americano, o juiz Vaughn Walker, de São Francisco, recusou o pedido de interdição à oferta de aquisição da PeopleSoft por parte da Oracle, alegando que o Estado não conseguiu provar os seus argumentos



O DOJ tinha apresentado o seu pedido de impedimento à aquisição hostil a 27 de Fevereiro, com o argumento de que a fusão dos negócios entre as duas empresas iria prejudicar a concorrência no mercado do software empresarial, eliminando um dos três principais players (ver Notícias Relacionadas).



Na sua decisão de 164 páginas, o juiz Vaughn Walker argumenta que a definição do mercado proposta pelo Governo é demasiado restrita, salientando que o negócio de software, particularmente dinâmico, é global e não limitado aos Estados Unidos, e que existe um conjunto de concorrentes emergentes naquela área, incluindo a Microsoft.



Para a Oracle, a decisão conduzirá a que o conselho de administração da PeopleSoft reveja a sua posição face à proposta de 7,7 mil milhões de dólares apresentada. Os responsáveis da PeopleSoft ainda não emitiram qualquer comentário oficial, afirmando apenas, segundo declarações citadas pela imprensa internacional, que a sua direcção irá rever as implicações da decisão ontem publicada.



No DOJ ainda não está determinado se vai haver recurso ou não. "Estamos desapontados com a decisão do tribunal", declara R. Hewitt Pate, responsável pela divisão de antitrust da agência governamental. "Acreditamos que os factos e a evidência neste caso suportam a nossa posição".



A Oracle iniciou a sua campanha para a aquisição hostil da PeopleSoft em Junho de 2003, apresentando uma proposta que avaliava a empresa em 6,3 mil milhões de dólares. O valor subiu depois para os 7,5 mil milhões de dólares quando a PeopleSoft adquiriu a rival J.D. Edwards, no mês seguinte e no início de Fevereiro de 2004 a oferta da Oracle voltou a aumentar, desta vez para os 9,4 mil milhões em dinheiro.



Entretanto em Maio, depois de uma revisão do preço oferecido em resultado de uma adequação ao valor de mercado da PeopleSoft, que havia baixado nos últimos tempos, a oferta passou para os actuais 7,7 mil milhões. Nenhuma delas foi aceite pelo conselho de administração da PeopleSoft.



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