Qual é a missão da Lenovo no mercado? Foi com esta pergunta que Fabio Capocchi, diretor de marketing Iberia, fez durante a apresentação dos novos produtos tecnológicos que vai lançar no mercado para a época natalícia, entre computadores, tablets e periféricos. E como resposta seguida, diz que a empresa tem como objetivo entregar a melhor tecnologia a todos, sejam consumidores individuais ou empresas, sistemas inteligentes e sem complicações, além de um design prático para o dia a dia. Diz que a empresa tem escalado no ranking mundial, estando atualmente no 159º do topo as maiores empresas mundiais, justificando que se trata de o resultado das pessoas gostarem dos seus produtos.
Fazendo um balanço da empresa, a empresa diz contar com 71.500 empregados em todo o mundo, e que apesar de ser uma marca chinesa, diz-se mais internacional do que nunca, estando representada em 180 mercados. E isso reflete-se também na preocupação da inclusão, salientando que são faladas 100 línguas pelos empregados da marca e que 5 nacionalidades estão representadas entre os 14 executivos de topo da Lenovo e 97% dos gestores são nativos dos seus respetivos mercados. São números que a empresa demonstra orgulho, procurando ainda um maior equilíbrio de género, considerando que 36% dos empregados em todo o mundo da empresa são mulheres, número que quer ver crescer, das quais 21% ocupam lugares executivos na tecnológica e 26,4% papéis técnicos.
A Lenovo realça ainda a sua capacidade de independência, sendo uma das empresas que está em melhores condições de combater a crise dos componentes eletrónicos, uma vez que tem 33 fábricas espalhadas pelo mundo, desde a Ásia à América do Sul.
O gaming é o segmento que mais tem trazido alegrias à marca, não só a nível mundial como em Portugal. Por isso, investiu nos eSports, tendo feito uma parceria com a Team Heretics, a mais popular equipa em Espanha e a sexta a nível mundial, no que diz respeito a presenças em competições. E a fabricante diz que, mais que colocar o seu logotipo nas suas camisolas, pretende fornecer a tecnologia para tornar os seus atletas ainda mais competitivos. Criaram ainda um HUB Lenovo em Madrid, onde as pessoas podem experimentar as últimas novidades de gaming nas suas máquinas.
Lenovo cresce em Portugal, mas está preocupada com as novas leis da garantia
Um dos pontos levantados pela marca diz respeito à nova lei das reparações e garantias que vai entrar em vigor em janeiro de 2022. Para as garantias de três anos, que passam a ser obrigatórias, a empresa aplaude, referindo que a própria já oferece esse período para os seus produtos. O que preocupa a empresa são os 10 anos de obrigação que as marcas têm de garantir em termos de peças suplentes e reparações. Para a Lenovo, praticamente ninguém utiliza um equipamento eletrónico durante tanto tempo, porque a tecnologia está em constante renovação e os produtos ficam obsoletos em poucos anos.
Na perspetiva da Lenovo, o facto de ter de fabricante componentes para 10 anos, muitos deles talvez nunca venham a ser utilizados como processadores ou baterias, faz com que se crie stock de “monos”, o que significa a criação de ainda mais lixo tecnológico e claro, maior impacto no ambiente. Vasco Oliveira, diretor de consumo da Lenovo Portugal, acrescenta ainda que Portugal decidiu seguir a diretriz europeia, mas que ainda foi mais agressiva, com as garantias atribuídas às reparações, e “isso vai ter impacto nos preços em Portugal, não se admirem de ver os portugueses comprarem os seus produtos mais caros que os franceses, alemães ou polacos”, dizendo-se preocupado com isso. Com a lei a vigorar em janeiro do próximo ano, “está em causa o futuro do consumo em Portugal”, remata Vasco Oliveira.
Mas para já, os números são risonhos para o mercado. Avaliando o mercado geral dos computadores em Portugal, baseado em estatísticas da GFK, a Lenovo diz que se venderam menos 4% de computadores face a 2020, nos números até setembro. E isso deve-se à falta de stock. Por outro lado, uma vez que a procura suplantou a oferta, registou-se um aumento nos preços, e, portanto, uma faturação de mais 5% face ao mesmo período do ano passado. A empresa diz que no último ano, os computadores estão a custar em média mais 49 euros que em setembro de 2020 e 68 euros a mais que em setembro de 2019, um período anterior à pandemia. “As pessoas procuram inovação e estão dispostas a pagar por isso” disse Vasco Oliveira.
É ainda notado o crescimento dos canais online de distribuição, registando-se 24% de vendas online, quando em setembro de 2019 representava apenas 15%. E os produtos que mais cresceram foram aqueles que já estavam dados “como mortos” antes da pandemia: os desktops e All in One, que registaram um aumento de 54%, alavancado sobretudo pelo gaming. Os notebooks também registaram um crescimento de 26% no número de vendas e mais 32% em valor de faturação. Crescimento semelhante para os convertíveis, 31% em termos unitários e 30% de valor.
Relativamente à marca, que disse ao SAPO TEK não poder partilhar números específicos, a Lenovo ocupa o primeiro lugar no que diz respeito à venda de computadores para gaming, com 29% de quota do mercado. No segmento dos convertíveis diz estar em segundo lugar, com uma quota de 33%. Mas quis sobretudo salientar que é também atualmente a empresa que mais vende tablets em Portugal, com 29% de quota de mercado.
Ainda relativamente à falta de componentes, antes a concorrência era interna entre as marcas, mas agora existe a necessidade de componentes em outros sectores, como a eletrónica, automóvel, IoT, entre outros segmentos que necessitam de chips e atualmente não existe capacidade de fornecimento.
Ao SAPO TEK Vasco Oliveira disse que a situação continua atualmente dramática, mas prevê uma melhoria nos próximos trimestres. “Mas a falta de componentes tem impacto nos preços, pois a procura é tão grande de tantos diferentes componentes. Há alguns anos falávamos de falta de uma bateria ou CPU, houve alturas atualmente que tínhamos a falta de 40 componentes diferentes de um computador. A situação tem melhorado, mas destaca agora o fenómeno dos constrangimentos logísticos. “O preço dos contentores multiplicou por 10. Antes demorava 45 dias a receber produtos por barco, atualmente demoram 90 dias, quando não é mais”. A produção interna da Lenovo, através das 33 fábricas espalhadas pelo mundo conseguem ainda assim atenuar esta crise.
Lenovo quer ser uma fornecedora de soluções
Se até aqui a Lenovo era conhecida como uma fornecedora de hardware, a empresa está em transformação e quer também ser conhecida pelas suas soluções. O destaque vai para o seu serviço Lenovo Premium Care, que diz procurar responder às necessidades dos consumidores. Trata-se de um sistema de assistência especial, mais rápida, procurando estender a garantia padrão em vigor.
A empresa diz que fornecer uma linha de assistência que serve para o simples configurar de um computador, instalar programas ou mesmo configurar um videojogo com as definições das suas máquinas. Tem ainda um técnico especializado pronto para ir à casa do cliente no dia seguinte útil à requisição para reparar o computador avariado. Já não precisa de enviar o computador e ficar à espera.
E em Portugal o serviço pode ser acedido através de bundles com a compra de computadores (Yoga Slim 9, Yoga 9, Yoga Slim 7, Legion 7, Creator e Yoga 7), ou através de um cartão de subscrição adquirido nas lojas. Seja o suporte de hardware como software, reparação local no dia útil seguinte ou verificações preventivas do estado do PC, são algumas das ofertas no Premium Care. Quanto a preços, o premium Care para dois anos custa 59 euros, para três 99 euros e o mais elevado, para quatro anos, custa 199 euros.
De forma a salientar a sua qualidade aos seus clientes, a Lenovo apresenta ainda o programa Lenovo Elite na venda de todos os seus computadores e tablets. Trata-se de um programa de reembolso do valor do seu computador (até 1.000 euros) ou tablet (até 300 euros) no caso do seu equipamento falhar entre os primeiros 30 e 365 dias após a data de compra. Ou seja, ao adquirir um destes produtos Lenovo, a marca garante a reparação do equipamento avariado por defeito, devolvendo-o ao cliente. E ainda dá seguimento a um reembolso nos respetivos valores, numa forma de compensação aos seus clientes.
Se este programa procura espelhar a confiança que a marca tem nos seus produtos, também pode ser encarado como uma forma de atrair consumidores mal-intencionados, que procuram fazer as suas “maroscas”. “Temos muitas formas de descobrir se há defeito do produto ou intervenção do cliente, esclareceu Vasco Oliveira, referindo que em Portugal já foram adicionados alguns processos, mas que ainda não teve nenhum caso de reembolso concluído, considerando que o programa começou verão e tem uma validade até ao fim de abril do próximo ano.
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