A fabricante finlandesa Nokia de equipamentos de telecomunicações afirmou hoje que as dificuldades sentidas na sua divisão de redes resultaram numa descida das vendas durante o primeiro trimestre do ano, apesar dos resultados terem, mesmo assim, superado as expectativas mais pessimistas dos analistas de mercado. Mas, a companhia avisou que no segundo trimestre o seu desempenho financeiro será inferior às estimativas iniciais.

A Nokia anuncia um lucro de 18 cêntimos por acção para o período entre Janeiro e Março, o que é inferior aos 19 cêntimos alcançados há um ano atrás, mas superior às próprias estimativas da fabricante divulgadas no mês passado que apontavam para um montante entre os 15 e os 17 cêntimos. A divisão de terminais móveis subiu as vendas em um por cento, para os 5,47 mil milhões de euros e registou um aumento de nove por cento nos lucros, para 1,31 mil milhões de dólares com base numa margem operacional de 23,9 por cento.

Confirmando o que já tinha sido assinalado, a divisão de sistemas registou a primeira perda significativa desde 1996, quando a Nokia começou a contabilizar separadamente os resultados desta área, no montante de 127 milhões de dólares. Em linha com as previsões dos analistas, depois das vendas terem descido 15 por cento para 1,21 mil milhões de dólares.

A Nokia Networks, que produz o equipamento necessário para construir uma rede de telemóveis, sofreu um declínio de 15 por cento nas vendas em termos anuais, tendo obtido 1,20 mil milhões de euros. Esta unidade também registou uma perda de 127 milhões de euros, face a um lucro de 146 milhões de euros no mesmo trimestre de 2002. Segundo a companhia finlandesa, este fraco desempenho deveu-se a menores volumes de volumes e aos custos elevados relacionados com a primeira fase das implementações de redes 3G.

O grupo calcula que a sua quota de mercado actual seja de 38 por cento,
inferior ao último trimestre do ano passado mas acima dos primeiros três
meses de 2002. Por outro lado, afirmou que os preços médios de venda de
terminais desceram ligeiramente de 147 para 145 euros, embora preveja que
venham a estabilizar no segundo trimestre. As previsões da Nokia para o
mercado global de terminais apontam para um crescimento de 10 por cento
durante 2003.

Quanto ao número total de terminais a comercializar durante este ano, a
companhia para as 440 milhões de unidades, em comparação com as 405 milhões comercializadas no ano passado. A concorrente Motorola, por seu lado, prevê que esse número seja de 430 milhões. Anteriormente, o grupo finlandês tinha estimado que o mercado iria aumentar 10 por cento ou ligeiramente mais.

As fortes vendas da Nokia verificadas na Europa viram o seu impacto minimizado por um relativo abrandamento do crescimento nos mercados norte-americanos e asiáticos. Recentemente, a Motorola afirmou que acabou de suplantar a fabricante finlandesa da sua posição cimeira nos Estados Unidos. Os resultados da fabricante para o segundo trimestre deverão ser prejudicados por uma despesa de 350 a 400 milhões de euros relativa a uma reestruturação e cortes de postos de trabalho na sua divisão de infra-estrutura. Na semana passada, a firma revelou que iria eliminar 1.800 empregos nessa área. Em consequência, o lucro por acção deverá ser arrastado para os 13 a 16 cêntimos.

A Nokia prevê que as receitas da venda de terminais aumentem entre quatro e 12 por cento durante estes três meses, mas que as vendas do grupo deverão crescer a um ritmo mais lentos devido a problemas nas suas redes, embora espere obter uma maior quota de mercado no sector dos telemóveis face ao último trimestre, bem como uma continuação dos fortes lucros nesse sector.

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