Apesar de estar ainda em fase exploratória, a Qualcomm, tecnológica conhecida sobretudo pelos seus chips Snapdragon que equipam grande maioria dos smartphones Android do mercado, pode começar a desenvolver atividade em Portugal no futuro.

Uma comitiva da empresa esteve no país na semana de 17 de outubro, liderada pelo diretor de gestão da sua subsidiária em Espanha com o objetivo de reunir com membros do Governo e autarquias de Lisboa e Oeiras. Foi apresentado o negócio, assim como tentar conhecer melhor a realidade tecnológica e empresarial de Portugal. A comitiva esteve também com a embaixada dos Estados Unidos, Anacom e Portugal Digital.

A notícia é avançada pelo Dinheiro Vivo, que realça o particular interesse do presidente executivo da Qualcomm, Cristiano Amon, que assumiu o cargo em meados de 2021. Sendo brasileiro, compreende que deve haver uma relação mais estreita com o mercado de língua portuguesa na Europa. A fabricante está a conversar com empresas do sector da educação, assim como startups, procurando definir onde encontrar valor, uma vez que ainda não definiu que área de negócio se vai focar. A área de formação de futuros talentos é de grande interesse para a empresa norte-americana e poderá ser um dos primeiros focos de atividade em Portugal, se as universidades tiverem interesse.

Em entrevista à publicação, Douglas Vaz Benitez, que passa a incluir Portugal como operações ibéricas, disse que ainda não existe uma data para a criação de uma estrutura de operações no país. E não foi descartada a hipótese de entrar em Portugal através da aquisição de uma startup ou empresa com potencial de inovação. O certo é que a gigante tecnológica pretende aproveitar as oportunidades que possam surgir na organização do sector empresarial e educação e os planos de digitalização como parte dos programas Portugal 2030 e Plano de Recuperação e Resiliência.

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A Qualcomm poderá ter um papel no desenvolvimento de tecnologias para smart cities, hubs tecnológicos e startups, este último com interesse em compreender melhor o seu ecossistema nacional. As áreas da cibersegurança e indústria automóvel também são do interesse da fabricante, este último através da sua ligação de parceria com a Bosch, que tem fábrica em Braga.

Ainda sobre a formação, o programa Qualcomm Wireless Academy poderá chegar às universidades portuguesas. O executivo espanhol deixa também no ar que Portugal poderá ser candidato a receber no futuro uma eventual fábrica de chips, caso o Governo o entenda, inserido no plano europeu European Chips Act, que tem como metas fazer crescer a produção europeia de semicondutores de forma a passar da representação dos 10% para 20% do total mundial até 2030. Para chegar a esse valor, o representante da Qualcomm diz que a Europa precisa quadruplicar a produção, abrindo dessa forma novas oportunidades à empresa na região ibérica.