Seguindo as notícias de economia da Venezuela, o caos está instalado no país, com as previsões de inflação para este ano a chegarem aos 1.000.000%. Há limitações no levantamento de dinheiro nos terminais e a moeda desvaloriza de um dia para o outro.
O governo de Nicolas Maduro tomou algumas medidas drásticas para atenuar a economia, entre elas a desvalorização da moeda oficial bolívar em cerca de 95%, mudando de nome para “sovereign bolívar”. O valor do bolívar deixará de ser indexado ao dólar, para estar associado à criptomoeda do governo, o Petro, que por sua vez está ligada ao preço do petróleo. Para ter uma ideia, a unidade de Petro está avaliado em 60 dólares ou 3.600 sovereign bolívares.
O governo retirou ainda cinco zeros da sua unidade de medida. Assim, uma pessoa que recebia 1,8 milhões de sovereign bolívares passa a receber 1.800 sovereign bolívares como ordenado mínimo, um aumento imposto por Nicolas Maduro de 3.000%, mas ainda assim o equivalente a 30 dólares por mês…
Para tentar recuperar valor, os venezuelanos estão a investir em criptomoedas, e não se trata do Petro, a moeda digital oficial do país ou outras mais conhecidas como a Bitcoin, mas sim a Dash, avança o Business Insider.
A Dash é uma criptomoeda criada em 2014, baseada em open source, que se destaca por ter comissões muito baixas e transações quase instantâneas. O seu valor de circulação é de cerca de mil milhões de dólares, sendo a 14ª maior moeda do mundo. O CEO da Dash Core Group afirma que os venezuelanos estão a criar dezenas de milhares de carteiras todos os meses, com a Venezuela a ultrapassar a China e a Rússia, tornando-se o seu segundo maior mercado a operar na moeda da empresa.
Tendo em vista a adoção em massa dos consumidores da criptomoeda, tem havido um crescimento substancial das lojas e retalhistas que passam a aceitar a Dash nas transações. A empresa explicou ao BI que demorou algum tempo para conquistar as suas primeiras 50/100 lojas de retalho a adotar a criptomoeda, mas desde julho que os números dispararam, chegando às 400 lojas, e atualmente está nas 800, com incremento mensal de 200 novos pontos a aceitar a moeda digital. Cadeias de renome como a Subway e a Calvin Klein passaram a aceitar a Dash na Venezuela, segundo o CEO da Dash Core Group.
As transações por cartão de crédito no país podem sofrer variações significativas do valor, quando nos três dias seguintes o dinheiro chega à conta do destinatário. A capacidade de transferir o valor das criptomoedas quase instantaneamente durante as transações, através do Dash, esse problema fica resolvido. E a aceleração da adoção da criptomoeda, tanto pelos consumidores como retalhistas, deu-se com as medidas do governo para restabelecer a economia.
Nesse sentido, as características únicas da Dash adaptam-se às condições de emergência da inflação na Venezuela. A empresa aponta outros países com elevadas taxas de inflação, tais como a Turquia, Ucrânia ou Argentina, que podem igualmente refugiar-se nas criptomoedas, mas o Dash Core Group vai continuar a crescer primeiro na Venezuela antes de se aventurar por outros mercados.
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