(Actualizada) Paulo Azevedo explicou na conferência de imprensa desta tarde que a OPA lançada sobre a Portugal Telecom pretende dar à empresa uma liderança inequívoca a nível accionista e financeiro. O Grupo Sonae diz que a sua proposta é "difícil de bater", admitindo desfazer-se de uma das redes da PT, se este for um requisito necessário para que o negócio se concretize. Da mesma forma, admite-se a fusão dos dois operadores móveis TMN e Optimus.
Além da "liderança accionista forte para a PT" e da criação de "parcerias internacionais inequívocas", o presidente da Sonaecom sublinhou que na base da operação estão outras duas ideias fundamentais: a da promoção da concorrência e o desenvolvimento de uma estratégia de crescimento forte que garanta a autonomia do Grupo.
Paulo Azevedo foi ainda claro relativamente à opinião da Sonae sobre a estratégia internacional da PT, adiantando que a posição do grupo nortenho é bastante diferente daquela que tem guiado o incumbente. "As parcerias internacionais têm de ser muito claras e trazer coisas que não tenhamos", sublinhou. O responsável acrescentou que caso a Sonaecom consiga levar a sua proposta até ao fim vão existir muitas negociações com a Telefónica.
Belmiro de Azevedo frisou que a proposta da Sonae "é uma proposta de interesse nacional" e acrescentou que a solução de crescimento apresentada pela Sonae "é possível podendo não ser a única". Sublinhou ainda que "é uma OPA não solicitada mas não é uma OPA hostil".
Sobre a Golden Share do Estado, Belmiro de Azevedo admitiu ter dado a conhecer ao executivo a proposta que iria colocar no mercado e que este se reservou a emitir uma posição mais tarde. O presidente acrescenta no entanto que a Golden Share que tem protegido a PT de operações estrangeiras, não terá condições para o fazer durante muito mais tempo já que a CE tende a eliminar este tipo de posição.
A OPA foi anunciada ontem à noite, já depois do fecho do mercado, e prevê o pagamento de 9,5 euros por acção e cinco mil euros por cada obrigação convertível, o que perfaz um total de 10,7 mil milhões de euros. Tem efeitos sobre todo o capital da Portugal Telecom e o seu sucesso está condicionado à capacidade para chegar a 50,1 por cento do capital.
Ao longo do dia de hoje a empresa valorizou 22,5 por cento para os 9,85 euros atingindo o valor mais alto desde Maio de 2001. Logo pela manhã a Sonae avançou também com uma OPA sobre a PT Multimédia oferecendo 9,03 euros por acção, numa operação que é condicionada à obtenção de pelo menos 50,01 por cento dos direitos de voto, provocando a suspensão dos títulos durante mais de uma hora.
Para já as intenções da Sonae SGPS não mereceram comentários da Portugal Telecom - que reunia hoje o Conselho de Administração para discutir o assunto - do Governo, que remete para a Assembleia Geral da operadora (21 de Abril) uma posição do sobre o assunto - ou da Telefónica. Recorde-se que o incumbente espanhol tem uma posição próxima dos 10 por cento na PT e é parceiro estratégico do grupo no Brasil, onde detém em partes iguais a Vivo.
Analistas citados por vários órgãos de comunicação social consideram que a oferta da Sonae à PT é baixa e irá motivar uma contra proposta que muitos acreditam pode ser protagonizada pelo grupo espanhol.
Outra das hipóteses avançadas durante o dia de hoje apontava para a compra da Sonaecom pela France Telecom depois de concretizado o negócio em Portugal. A informação foi já desmentida pelo grupo de Belmiro de Azevedo através de um comunicado à CMVM.
Nota de redacção [19:38]: A notícia foi actualizada com informação da conferência de imprensa.
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