"IT Doesn't Matter", um artigo publicado em 2003 na revista Harvard Business Review, gerou uma das maiores controvérsias em torno de uma teoria económica para as tecnologias da informação. Hoje durante o fórum Directions 2004 da IDC, que decorre no Estoril, Nicholas Carr explicou pela primeira vez em Portugal a sua visão sobre a transformação da indústria de tecnologias da informação e a forma como é utilizada nas empresas.



Não recusando a ideia de que as tecnologias da informação são fundamentais para as empresas, tal como a electricidade ou a água, o economista defende que progressivamente estas se tornaram utilidades. A principal discussão levantada pelo seu artigo, e sobretudo no livro posteriormente publicado com o título "Does IT matter?", é se as tecnologias são estratégicas para as empresas e se estas ajudam a conseguir e manter competitividade de forma a assegurar a sua sobrevivência.



Por isso mesmo as tendências preconizadas de mudança da gestão das tecnologias da informação nas empresas passam pela redução de investimento em TIC, não procurar posições de liderança na inovação tecnológica e resistir aos ciclos de upgrades. "Ser inovador em Tecnologias da Informação já não faz sentido economicamente", defende Nicholas Carr, considerando que as empresas devem reduzir o risco dos investimentos em TI ao apostar em soluções testadas e normalizadas, evitando os pioneirismos e as soluções proprietárias que são mais arriscadas.




Admitindo que o seu artigo assustou a indústria de tecnologias, Nicholas Carr explicou aos jornalistas que os software vendors nos Estados Unidos continuam a considerar que as regras do mercado não se aplicam ao seu negócio e que este não vai evoluir da mesma forma que as outras indústrias fizeram. "O título do artigo fez as pessoas ficarem nervosas porque vai contra a economia dessas empresas mas também as suas ideologias", justificou o economista.



A falar pela primeira vez em Portugal, Nicholas Carr confessou não conhecer bem a realidade do país, mas pela análise de alguns indicadores relacionados com o investimento em hardware, software e serviços, considera que estamos ainda atrasados em relação a outros países da Europa na tendência de infra-estruturação das tecnologias. "Podemos avaliar a maturidade de um mercado de tecnologias pelo seu investimento, evoluindo gradualmente do grosso de gastos no hardware para o software e só posteriormente nos serviços", explicou.



Nicholas Carr afirmou que enquanto que as empresas portuguesas têm investimentos em hardware na ordem dos 53 por cento do total dos seus custos, na Europa Ocidental essa taxa se situa actualmente nos 43 por cento. No entanto este economista considera que a evolução para a transformação das tecnologias numa utilidade é imparável e que mais cedo ou mais tarde essa evolução vai acontecer também em Portugal

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