O negócio já foi feito, mas a Telefónica prepara-se agora para recuperar uma parte do valor que pagou à Portugal Telecom pela aquisição da sua participação na Vivo. Segundo escreve o Jornal de Negócios, a operadora espanhola "dá o dito por não dito" para receber 200 milhões de euros.

A história explica-se pelo pagamento de dividendos extraordinários que a PT anunciou esta semana, e que prevê a remuneração aos accionistas de 1,65 euros por acção. A Telefónica, que detém 2% do capital da PT, vai receber também a remuneração correspondente aos 8% que tinha vendido no âmbito do acordo assinado em Julho, encaixando assim 206 milhões.

O Jornal escreve que a operadora liderada por César Alierta reduz desta forma o valor que tinha investido com a compra dos 50% que a PT detinha na Brasilcel, a "holding" que controla a Vivo, que dos 7,5 mil milhões acordados passa assim para 7,3 mil milhões de euros. Um preço muito mais próximo da proposta de 7,15 mil milhões inicialmente avançada pela operadora espanhola.

Recorde-se que a PT anunciou esta semana lucros de 5,6 mil milhões de euros que decorrem da venda da sua participação na Vivo, e o pagamento de dividendos extraordinários aos accionistas de 1,65 euros por acção, dos quais 1 euro seriam pagos até final deste ano e os restantes 65 cêntimos até Maio de 2011.

A medida não agradou ao Governo, já que poderá perder 70 milhões de euros em impostos, segundo contas do Jornal de Negócios. O actual sistema de tributação do IRC beneficia as empresas com participações inferiores a 10% do capital, eliminando a dupla tributação. No próximo ano as empresas passam a pagar um imposto que pode ascender a um máximo de 29% sobre os dividendos recebidos.

O BES, a CGD e a Ongoing seriam as empresas mais beneficiadas com a remuneração extraordinária pelo facto do valor ser pago ainda durante este ano.