Apesar de os mercados financeiros mais tradicionais estarem a ser negativamente influenciados pelo escalar da tensão entre Estados Unidos e Coreia do Norte, o mesmo não se pode dizer do universo digital das criptomoedas.

Esta quinta-feira, numa altura em que o mercado de futuros da Dow Jones, da S&P 500, da DAX, da FTSE 100 e da CAC40 registavam quebras compreendidas entre os 0,3% os 1,53%, as moedas eletrónicas subiam de valor a um ritmo acima daquilo que tem sido normal nas últimas semanas. Antes disso, Donald Trump prometia "fogo e fúria" ao país de Kim Jong-un.

Para Trevor Koverko, que expõe a sua opinião acerca do tema na edição desta quinta-feira da Venture Beat, o mercado das criptomoedas teve um desempenho "tão positivo" esta semana que acabou por quebrar o seu próprio recorde de valorização, ao atingir uma marca de 125 mil milhões de dólares. O mesmo destaca que este número representa apenas uma pequena parcela do valor total dos mercados financeiros globais, mas considera que não só não existe uma indústria mais segura do que esta atualmente, como não existe outra que cresça tão depressa.

Segundo escreve o atual CEO da Polymath, que foi também um dos primeiros investidores da Ethereum, os últimos seis meses não só foram um exemplo de como pode crescer esta moeda, como registaram também vários novos casos de utilização empresarial, integrando o tecido industrial real com esta nova forma de dinheiro.

"A Bitcoin, que é a avó de todas as moedas eletrónicas, foi a moeda que melhor desempenho registou em quatro dos últimos cinco anos. A Ethereum valorizou cem vezes num ano e a Ripple está a ser utilizada por mais de 75 bancos em cerca de 27 países diferentes", diz Koverko. "Na minha opinião, o ponto-chave é que todas estas moedas digitais são imunes aos controlos de capital, aos congelamentos bancários e não estão ligadas à prestação económica de um país", remata.

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A segurança deste ativo é novamente atestada com a sua prestação noutros períodos tumultuosos da história recente. Mesmo face a estes, as criptomoedas não se ressentiram, mostrando uma resiliência difícil de encontrar noutros ativos. Em 2015, enquanto a economia grega colapsava, a Bitcoin registava subidas abruptas de valor. Em 2013, quando os depósitos dos cipriotas foram congelados e os multibancos inutilizados, Koverko tinha amigos que geriam sistemas de levantamento em criptomoeda. Na Venezuela, onde o exemplo de crise é atual, existem venezuelanos que estão a trocar o bolivar pela Bitcoin para poderem suportar o valor inflacionado dos bens de primeira necessidade. Em junho, o valor das transações com este tipo de ativo naquele país atingiu um novo máximo de 1,3 milhões de dólares.

Agora, numa altura em que os EUA e a Coreia do Norte trocam ameaças, Koverko não tem dúvidas em afirmar que, em caso de guerra, a procura por criptomoedas vai aumentar subitamente, seguindo-se a um inevitável crash dos mercados financeiros tradicionais.