Cerca de 100 funcionários da Google U.S. uniram-se recentemente para propor novas políticas de conduta à empresa. O grupo foi formado no outono de 2017, e de entre o conjunto de medidas avançadas, destaca a necessidade de implementação de uma moderação mais apertada nos fóruns internos da empresa.

Em conversa com a Reuters, cinco dos empregados envolvidos nesta iniciativa afirmam que é necessário colocar um ponto final nas conversas inflamadas e nos ataques pessoais, e que é imperativo que os utilizadores que revelam conversas privadas e que fazem os debates escalar para a esfera pessoal, sejam punidos por isso.

Em adição, o grupo reivindica o estabelecimento de direitos e deveres para todos os envolvidos (acusadores, defensores, gerentes e investigadores) em casos de recursos humanos. Os envolvidos alegam que existem trabalhadores que são alvos de chantagem por parte de colegas que ameaçam submeter queixas ao departamento de recursos humanos como forma de bullying ou provocação.

Os fundadores do grupo acreditam que a empresa deveria estar mais conectada com as conversas que são mantidas online entre colaboradores, especialmente quando se tentam despertar animosidades em debates sobre temas mais sensíveis (raça, género).

A divisão a que se assiste no seio dos colaboradores da tecnológica espelha bem o processo de polarização que vigora na sociedade norte-americana desde a eleição do atual presidente, Donald Trump.

Apesar de abrir espaço à conversa informal nas plataformas adequadas, a Google já se viu obrigada a despedir colaboradores por disseminarem opiniões que considerou "perpetuar estereótipos e despontar animosidades". Um dos exemplos mais recentes foi o do engenheiro James Damore, que disse que as mulheres são biologicamente inadequadas para trabalhos no sector tecnológico.

"O nosso direito a trabalhar num local seguro, está a ser ameaçado", defendeu Liz Fong-Jones, uma das responsáveis pela organização deste grupo. De acordo com a mesma, há até colaboradores que receiam ser alvo de agressão depois de algumas conversas internas serem publicadas online com os nomes dos intervenientes.

Matt Stone, engenheiro de software na Google, que esteve fora do trabalho durante todo o ano de 2017, diz ter regressado para um escritório com um "ambiente estranho", onde a proteção que era garantida aos trabalhadores transsexuais, ou com deficiências, era agora um tema de debate. "Queremos que isto pare", declarou à Reuters.

A advogada de James Damore, Harmeet Dhillon, que já esteve em contacto com alguns dos trabalhadores da empresa, diz acreditar que está em curso uma "caça às bruxas", cujos alvos são os colaboradores que têm por hábito expressar pontos de vista menos populares.