Desde as 17 horas que as portas do recinto estão abertas para o Web Summit e as cadeiras da Altice Arena começaram a encher com milhares de participantes, empreendedores, stratups, analistas e media. E não sobram lugares vazios. Muitos aproveitaram para por as mensagens em dia, mas também para recorrer ao mais tradicional sistema de "networking" e estabelecer conhecimento com os vizinhos do lado. Aliás, é assim que se podem criar ligações que dão em amizade e quem sabe negócio, um dos objetivos do Web Summit, mas não o único.
Como prometido, Paddy Cosgrave subiu ao palco às 18.30 para a abertura oficial da conferência e foi acolhido como uma estrela de rock. "Sejam bem vindos ao Web Summit", disse, voltando a reforçar o seu amor por Lisboa e por Portugal e a intenção de ficar mais 10 anos. Mais de 100 países, e mais de 31 mil empreendedoras femininas, somam os números para as 70 mil pessoas que fazem desta conferência a maior na área do empreendedorismo no Mundo, e o CEO da Web Summit deixou bem claro que em mais nenhum lugar há uma conjugação tão grande de pessoas, ideias e a possibilidade de fazer negócios.
"Os próximos dias são para que possamos ligar-se às pessoas que estão à vossa volta" e por isso o CEO da Web Summit convidou todos a levantarem-se e a apresentarem-se a pelo menos três pessoas à sua volta, o que gerou o habitual burburinho, difícil de interromper. De tal maneira que foi preciso pedir para que todos se sentassem outra vez para a conferência continuar.
Tim Berners-Lee, o "pai" da World Wide Web, recebeu a maior ovação da noite, e milhares de participantes puseram-se de pé para saudar um dos responsáveis pelo desenvolvimento da Internet que abriu portas a muita da tecnologia que hoje temos, e sobre a qual se desenvolvem muitas das inovações que estão na base de muitas startups que participam na cimeira.
#FortheWeb é agora o mote de Tim Berners-Lee que quer defender o futuro da internet, e apela à ajuda de todos. Outras vozes corroboraram a ideia, incluindo o responsável do movimento em França, que foi o primeiro país a assinar o contrato para a web.
Lisa Jackson, da Apple, subiu ao palco depois do "pai da WWW" e diz que veio para ser inspirada pelos participantes da Web Summit, mas falou sobretudo de energias limpas e da aposta da marca da maçã na sustentabilidade. A necessidade de educação e formação das jovens raparigas, e integração na área das tecnologias, foi também um dos temas da apresentação da executiva da Apple, e um dos que conseguiu uma maior ovação da audiência. "Temos de pensar em que futuro queremos deixar aos nossos filhos", defendeu Lisa Jackson.
Relembrando o poder e a importância da tecnologia, António Guterres, secretário-geral da ONU, falou também dos seus perigos. Depois de ter sido acolhido por milhares de lanternas de smartphones, a pedido de Paddy Cosgrave, António Guterres falou de educação e da necessidade de estarmos preparados para um futuro onde as máquinas vão fazer muitas coisas melhor do que os humanos, e a necessidade de construirmos redes de segurança. Uma delas é para nos proteger da transformação da inteligência artificial em armas.
"As máquinas que têm o poder e discrição de tirar a vida humana são politicamente inaceitáveis, moralmente repugnantes e devem ser banidas pela lei internacional", defendeu António Guterres, acrescentando que isto não é moralmente nem legalmente aceitável e que a lei internacional deve impedir este tipo de desenvolvimentos. Ainda assim o secretário geral da ONU admite que a tecnologia anda mais rápido do que a regulamentação e por isso é necessário que os governos e as organizações possam encontrar uma forma de discutir e fazer acordos sobre os temas da tecnologia, da Internet e da Inteligência Artificial de forma a que estes sejam essencialmente uma força para o bem.
Abertura oficial com peso político e histórico
Na contagem final para a abertura oficial da conferência, Paddy Cosgrave chamou ainda a palco António Guterres, primeiro ministro de Portugal, e Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, que destacaram as vantagens da abertura e da tolerância portuguesas, assim como a capacidade de acolhimento. E por isso abrem os braços a quem quiser estudar, trabalhar e viver em Portugal, mas também a quem quiser investir. Nos próximos 10 anos o Web Summit tem lugar marcado em Lisboa, e as empresas portuguesas podem também aproveitar para fazer parcerias e acolher novos recursos humanos, como sublinhou António Guterres.
A ligação entre a história e a inovação foi ainda sublinhada, e Fernando Medina ofereceu a Paddy Cosgrave uma imagem de Fernão de Magalhães, afirmando que 500 anos depois o CEO da Web Summit volta a colocar Portugal no centro do Mundo.
Houve ainda espaço para chamar a palco os representantes das startups portuguesas que participam no Web Summit e que tiveram aqui o seu momento de aplauso, participando na contagem decrescente e no lançamento dos confetis.
Depois da abertura oficial há mais festa pela noite a dentro, uma tradição que se repete. Também a decoração é a mesma, assim como os efeitos de palco, o que dá uma sensação de "déjà vu". E valerá a pena à organização pensar em mudar um pouco, "renovando" o cenário para os próximos 10 anos. O que muda de certeza são os conteúdos, e as pessoas, mesmo que muitas ideias sejam apenas a evolução dos anos anteriores.
Hoje é apenas o primeiro dia de mais um Web Summit, que vai durar até dia 8 e que tem 25 conferências, vários palcos e centenas de oradores que o SAPO TEK vai acompanhar intensamente e que trará muitas notícias e imagens do nosso diário do Web Summit. Acompanhe as novidades connosco.
Nota da Redação: A notícia foi atualizada com mais informação durante a conferência. Última atualização 21h04.
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