Hoje é o primeiro dia da nova vida da Nintendo Wii U. A consola é a mesma e o conceito da tecnológica japonesa de querer proporcionar experiências de jogo diferenciadas também. Mas hoje, dia de arranque da Electronic Entertainment Expo (E3), a primeira ronda de jogadas por parte de fabricantes de consolas fica completa e o mercado mais composto, mais comparável.

Os primeiros seis meses da Wii U no mercado, que se completaram no final de maio, foram marcados por muita turbulência: vendas abaixo do esperado, críticas ao ecossistema de jogos, pouco suporte dos grandes estúdios de desenvolvimento. Do lado positivo há a vertente social do Miiverse e o Wii U Gamepad, não revolucionário mas diferenciador q.b..

O responsável de comunicação da Nintendo Portugal, Jorge Vieira, rejeitou a ideia de início fracassado e revelou em conversa com o TeK que em Portugal as vendas da consola ficaram inclusive acima das expectativas definidas pela Nintendo. A nível nacional os objetivos de vendas são dinâmicos, muito por causa da crise financeira que a consola tem sabido driblar.

Por outro lado, Nuno Neveda, editor chefe da publicação FNintendo, especializada em jogos e consolas da empresa japonesa, considera que "os primeiros seis meses da Wii U estão longe de serem brilhantes". Nuno Neveda fala ainda em quatro meses sofríveis em mercados importantes como o Reino Unido, mas mostrou confiança no ponto de viragem que pode ser a E3, sobretudo pelo alargamento do catálogo de jogos.

O TeK contactou ainda a cadeia Game, especializada na venda de jogos e consolas, para saber como estava a ser o desempenho do ecossistema Wii U junto dos utilizadores. A resposta nunca chegou.

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Insert Coin

A falta de jogos é apontada como uma explicação para as vendas abaixo das expectativas. Jorge Vieira contestou a ideia dizendo que a Wii U chegou ao mercado com um catálogo de jogos bem composto - com títulos triple AAA e jogos mais casuais. Nuno Neveda prefere apontar outro indicador além dos números: a qualidade também importa. "Contam-se pelos dedos de uma mão os jogos que são realmente capazes de atrair potenciais compradores", explicou o editor do FNintendo ao TeK.

Zombie U e Lego City Undercover estão entre os jogos mais aclamados pela crítica - incluindo a FNintendo - e há mais a caminho como Bayonetta 2 ou o "ano de Luigi".

Só que os problemas que a Wii U apresentou no primeiro meio ano de comercialização vão além dos jogos. Para o editor da FNintendo a própria indústria de videojogos olha para a consola como "incapaz de competir por um lugar ao sol na nova geração". O caso da Electronic Arts que parece ter abandonado uma parceria anunciada como "sem precendentes", é apenas o culminar de uma posição extremada em relação à mais recente consola da Nintendo.

Dúvidas não há. A nível de processamento e de grafismo a Wii U está palmos abaixo da concorrência. Mas este foi o caminho que a Nintendo escolheu e há quem esteja bem com ele. Estúdios de desenvolvimento estão ao lado da tecnológica japonesa como apontou Jorge Vieira - como a Sega, a Ubisoft e vários produtores independentes - e a Nintendo conta sempre consigo própria para suportar parte dos jogos lançados.

A E3 deste ano serve para colmatar uma falha: "o catálogo de jogos da Wii U não é tão vasto como deveria ser", admitiu o responsável da Nintendo Portugal.

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As equações fazem-se com todas as variáveis

Ainda a Sony e a Microsoft não sabiam o que era sustentar uma comunidade de gamers e já a Nintendo garantia entretenimento a milhões de pessoas em todo o mundo. Cuidado Xbox One e Playstation 4. Caso a E3 deste ano não seja bem planeada, é a Nintendo quem se pode ficar a rir.

"Lado a lado com a nova Xbox e a PS4, será mais fácil perceber se os killer apps da Wii U lhe servirão de sustento para levar a melhor. Paradoxalmente ao que seria de esperar, acredito que o impacto das novas consolas pode ser positivo para a consola da Nintendo". Esta é a opinião de Nuno Neveda.

Mesmo havendo uma diferença gráfica entre as plataformas, o salto qualitativo não é tão grande como aquele que aconteceu na transição da segunda para a terceira geração de consolas. Por isso é que as histórias de jogo e os modos de jogabilidade podem pesar e muito nas escolhas dos gamers - ponto fundamental na opinião de Jorge Vieira e que a Nintendo tem lutado por garantir desde a Nintendo Wii.

"O que se pode extrair dos jogos é que é importante", acrescentou o RP da Nintendo Portugal. Ainda assim, o responsável de comunicação parece convicto de que, sem dúvida alguma, a chegada da Xbox One e Playstation 4 vai "abanar o mercado".

Numa perspetiva "geracional", a Nintendo tem ainda a vantagem de estar em posição para lançar uma consola mais depressa que as concorrentes - por ter anunciado com mais antecedência e por não estar presa às especificações técnicas.

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Uma história que se tem repetido

O início malfadado é transversal a todas as consolas como relembrou Jorge Vieira, que apesar de ter negado um corte de preços da Wii U, é um caminho que na cabeça de Nuno Neveda terá que ser trilhado mais cedo ou mais tarde.

Enquanto o preço da Xbox One e Playstation 4 não for revelado, certamente que a Nintendo nada fará.

Será interessante ver como é que uma consola considerada como "inferior" à concorrência, mesmo sem esta ter dado provas concretas, consegue dar a cambalhota na cabeça dos utilizadores e da própria indústria.

Em jeito de antevisão do que vai acontecer nos próximos meses, os leitores do TeK são convidados a partilhar a opinião sobre o primeiro meio ano de vida da Wii U e de como veem o mercado dos videojogos com a chegada da "cavalaria", personificada pela Xbox One e Playstation 4.


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico