O cabo submarino de fibra ótica que vai ligar Portugal ao Brasil, e assim dois continentes, já chegou a Sines, onde vai ser estabelecida a ligação. Está previsto que o sistema EllaLink fique totalmente operacional no segundo trimestre deste ano e, a cumprir-se, irá ser a primeira ligação direta de alta velocidade por cabo submarino entre a Europa e a América Latina.
Eurico Brilhante Dias, secretário de estado da internacionalização, considera que a "chegada do cabo submarino de telecomunicações EllaLink inaugura uma nova era económica" para Sines, onde foi também lançado o Sines Tech – Innovation and Data Center Hub. Também Philippe Dumont, CEO da empresa irlandesa, revela estar bastante satisfeito com mais um passo ultrapassado. "É com grande orgulho que assistimos hoje à chegada do cabo ao território português", refere.
O que vem trazer o cabo EllaLink para o mundo digital?
Com esta operação de investimento de 150 milhões de euros, a EllaLink pretende abrir um "corredor" para a transmissão de dados entre a Europa e a América Latina. E, para além de ser a primeira ligação direta de alta velocidade por cabo submarino entre os dois continentes, o sistema inclui também várias rotas terrestres que ligam data centers estratégicos em Lisboa, Madrid, Marselha, São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza, em parceria com a Equinix e a Interxion.
Ao longo dos últimos anos, o "mundo digital" fez disparar a necessidade de conectividade entre países e continentes, da simples transmissão de voz até à transmissão em tempo real de vídeos em streaming e todas as futuras aplicações que vão ser possíveis graças ao 5G. A verdade é que estas aplicações requerem menor latência, ou seja, o menor espaço de tempo que a informação leva a passar na rede, desde os utilizadores até aos data centers e plataformas.
Ao criar a reta direta mais curta entre a Europa e a América Latina, e evitando a passagem por outros países, o sistema reduz essa latência em 50% em comparação com a infraestrutura atual. Em comunicado, a empresa garante um valor real inferior a 60 milissegundos entre Portugal e o Brasil.
A tecnologia do sistema EllaLink garante o acesso a serviços de telecomunicações e aplicações através de uma conexão direta, de alta velocidade e com muito baixa latência. Na prática, isto pode beneficiar não apenas todas as plataformas de telecomunicações, mas também os serviços na Cloud, acesso a conteúdos, todos os tipos de negócios digitais e ainda a indústria de gaming.
Durante os primeiros meses de 2021, a EllaLink vai reforçar a sua rede para que possa estar operacional até ao final do segundo trimestre. Estão previstas ligações à Ilha da Madeira e a Cabo Verde, mas também a Marselha, o que vai permitir uma conectividade ampliada com a África, Ásia e Médio Oriente. Estão já em vista outros potenciais pontos de ligação com Mauritânia, Marrocos, Guiana Francesa e Ilhas Canárias.
O projeto de construção do cabo submarino de transmissão de dados que vai ligar Sines a Fortaleza foi aprovado em 2019 e é apontado com uma das grandes apostas da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia nos próximos seis meses. Em dezembro, um documento do Governo a que a Lusa teve acesso, dava conta do lançamento do sistema no próximo mês de junho.
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