No relatório enviado à Autoridade da Concorrência a Portugal Telecom considera "obscena" a filosofia do regulador, que acusa de se aproveitar da oportunidade de separação de redes para tolerar a "criação de uma posição dominante no mercado móvel". No mesmo relatório, citado pelo Jornal de Negócios, a PT acusa a AdC de ir contra "o que manda a lei, ou seja, proibir uma concentração de que resulta a criação de uma posição dominante no mercado móvel".



Nas 34 páginas de resposta à AdC a PT considera ainda que os remédios alinhados pelo regulador "estão desenhados à medida dos interesses" da Sonaecom e acrescenta que estes permitem uma "exploração quase monopolista dos mercados de voz fixa e móvel".



Nas duas vezes que foi chamada a comentar as decisões preliminares da AdC a PT apresentou argumentos contra a operação de aquisição do seu capital pela Sonaecom, tentando evitar uma luz verde do regulador ao maior negócio de sempre realizado em Portugal.



Além da concentração que incute no sector a operação não deve, na opinião da administração da PT, realizar-se porque não oferece pelo grupo um valor justo, reiterou ainda na semana passada Henrique Granadeiro em entrevista à RTP.



A edição de hoje do Diário Económico garante que a Sonaecom poderá estar disposta a alterar a sua proposta de valor que fixa um preço de 9,5 euros por cada acção da PT.



O diário afirma que a Sonaecom estará disponível para explorar com a administração da operadora um potencial aumento da oferta se a equipa de Henrique Granadeiro se mostrar interessada em demonstrar que existem ganhos não quantificados pela Sonaecom quando definiu o preço da oferta.



A possibilidade terá surgido na sequência de reuniões com um dos maiores accionistas da PT(o BES com uma posição de 10 por cento) mantidas pelas duas administrações - da PT e da Sonaecom - separadamente.



Entretanto Ricardo Salgado, presidente do BES repetiu ao jornal o que já tinha afirmado numa entrevista ao Expresso: "não será fácil uma subida que convença o BES a vender". A PT por seu lado recusa a ideia de ter sido interpelada pela Sonaecom no sentido de estudar uma revisão ao preço da OPA.



Uma decisão final da AdC deverá ser conhecida entre amanhã e segunda-feira. É esperado um sim do organismo liderado por Abel Mateus que nos dois projectos de decisão já conhecidos se mostrou favorável à operação.



Em reacção à notícia do DE a Sonaecom adiantou, através do administrador Luís Reis, que para já não há quaisquer motivos para aumentar o preço da oferta à PT. O responsável acrescentou mesmo que se a OPA fosse colocada no mercado hoje mais de metade dos accionistas venderiam os seus títulos pelos 9,5 euros propostos.



Em declarações ao Jornal de Negócios o responsável precisou que a Sonaecom "não vê qualquer razão de ordem operacional, financeira ou de qualquer outra natureza para rever o preço em alta".



À Lusa, Luís Reis acrescentou: "se a operação fosse hoje, estamos firmemente convencidos de que mais de metade dos accionistas da PT venderia".



Henrique Granadeiro, presidente da PT, escusa-se a mais comentários sobre a OPA. "Não comentamos os disparates proferidos pelo Dr. Luís Reis", diz apenas o responsável referindo-se a uma eventual abertura da PT para recomendar a venda da empresa à Sonaecom caso a oferta fosse mais elevada, escreve ainda a Lusa.



Nota de Redacção: A notícia foi actualizada com declarações dos responsáveis da Sonaecom e PT.



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