A Optimus deverá intentar uma queixa-crime para esclarecer o caso das alegadas escutas dos serviços de informação a um antigo jornalista do Público que usava a rede da operadora, anunciou a empresa em comunicado.

Na nota aos meios, a operadora da Sonaecom afirma que pretende um "esclarecimento cabal de toda esta situação", acrescentando que "já procedeu à abertura de um processo de auditoria independente" e tem a "firma intenção" de apresentar uma queixa-crime.

O comunicado, emitido este fim-de-semana, vem esclarecer a posição da companhia face à polémica que se instalou após a notícia publicada a semana passada pelo Expresso.

No sábado 27 de Agosto, o semanário escrevia que o Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) espiara o telemóvel de um antigo jornalista do Público, Nuno Simas, com o objetivo de descobrir fontes do jornalista. Com o artigo era reproduzido um registo das chamadas do jornalista, que alegadamente teria sido fornecido pela operadora ilegalmente (por carecer de autorização judicial).

O administrador da Optimus, Lobo Xavier, já tinha afirmado que o papel reproduzido no jornal "Expresso", onde se vê o registo das chamadas telefónicas do jornalista Nuno Simas quando estava no Público, não era da operadora.

"Aquele papel no 'Expresso' não é da Optimus. É feito a partir do conhecimento da fatura detalhada, que pode ter sido roubada em casa do jornalista, pode ter sido tirada no Público, pode ter saído do Público ou ter sido fornecido ilicitamente por um colaborador da Optimus", dizia Lobo Xavier, citado pelo Jornal de Negócios na sexta-feira.

Na tomada de posição oficial sobre o assunto, a empresa garante que "apenas fornece a terceiros informação relativa aos seus clientes dentro do mais estrito e rigoroso cumprimento da lei", admitindo que "na eventualidade da informação em questão ter tido origem nos sistemas da operadora, tal só seria possível caso tivesse havido um comportamento individual ilícito e criminoso". Este comportamento "não pode ser confundido com qualquer ato da empresa", conclui.

A intenção manifestada pela operadora segue-se às veiculadas pelo Público - que tinha anunciado que vai pedir às autoridades um inquérito para investigar a alegada espionagem às comunicações do ex-colaborador - e por Nuno Simas, que declarou que vai apresentar uma queixa-crime por devassa da vida privada.

Esta manhã, o jornal diário avança ainda que na passada quarta-feira, dois departamentos do SIS e um do SIED foram alvo de uma rusga interna, no âmbito da qual foram confiscados computadores e telemóveis dos elementos que trabalham nos departamentos operacionais do SIS e do SIED e no departamento de vigilância do SIS.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico