A centralização do Centro de Inovação da Altice em Aveiro foi uma conquista importante para Portugal, e Paulo Neves destacou na inauguração do centro que "a partir de hoje a PT Inovação e a Altice Labs serão uma e a mesma coisa", e que a partir de Aveiro os engenheiros portugueses vão trabalhar no desenvolvimento de produtos e serviços para Portugal mas também para mais de 35 países, e mais de 200 milhões de clientes.
A PT Inovação foi sempre apresentada como a unidade de desenvolvimento de ideias da Portugal Telecom, criando produtos e serviços para as operadoras do Grupo em Portugal e nas participações internacionais, mas estendendo a sua capacidade de inovação também a outros clientes em vários pontos do mundo, alguns dos quais através de parcerias com fabricantes internacionais, entre os quais a Cisco.
Alexandre Fonseca, CTO da Altice Labs, garante que a PT Inovação continua a existir como entidade jurídica e que o vínculo das pessoas continua a ser com a empresa atual, embora a marca passe agora a ser Altice Labs, que agrega as operações de inovação em Portugal mas também em Israel, França, República Dominicana e Estados Unidos, onde as operações de inovação estavam agregadas ao negócio das operadoras e não tinham existência legal separada.
Segundo o plano da estrutura apresentado hoje na conferência de inauguração oficial do Altice Labs, Portugal vai representar cerca de 70% da operação da Altice Labs, com o Centro de Coordenação Tecnológica e de inovação, o Centro de Desenvolvimento de Negócio e as áreas de DSR - Network Systems, SRP - Network Control and Service Platforms, SSO – Operation Support Systems e DTI – Internet, onde se incluem os profissionais que vieram do SAPO.
Os restantes 30% da operação ficam distribuídos pelos escritórios locais em França, República Dominicana, Israel e Estados Unidos.
Uma história com mais de 65 anos
A PT Inovação foi criada em 1999, mas herdou a história, as instalações e o processo de desenvolvimento de inovação do GECA – Grupo de Estudos de Comutação Automática, criado em 1950 na cidade de Leiria, transferido para Aveiro em 1955. O projeto foi desenvolvido por José Ferreira Pinto Basto, um engenheiro que ainda nos CTT foi um grande impulsionador das redes de comutação automática.
Em 1972 o GECA transformou-se em CET – Centro de Estudos de Telecomunicações, participando na constituição da Universidade de Aveiro, instituição com a qual manteve sempre uma ligação muito próxima que ainda persiste e que é considerada uma das bases de desenvolvimento de novas ideias e serviços que têm alimentado as empresas da PT, e das quais são citados exemplos como o desenvolvimento do conceito de pré-pago nos telemóveis, ou mais recentemente a tecnologia de NG-PON2 que a PT anunciou recentemente como uma das ferramentas para reforçar a velocidade da rede de fibra e que suporta o investimento no alargamento da rede em Portugal, uma tecnologia que a Verizon já testou também nos Estados Unidos.
Pelo meio há muito mais projetos, uns mais conhecidos do que outros, e mesmo o desenvolvimento de um telemóvel “transportável” 4G ainda em 1998. E que os engenheiros que estiveram no desenvolvimento garantem que tem tudo o que os pequenos smartphones têm agora (menos os acessórios).
E uma visita guiada por Alcino Lavrador, CEO da PT Inovação às da empresa, agora Altice Labs, permite descobrir um pouco do que os mais de 600 profissionais localizados no campus de Aveiro estão a trabalhar, entre os produtos e serviços que já se encontram instalados na casa dos cliente e os que ainda estão em fase de protótipo, mas que já antecipam algumas tendências.
Na visita pela área de desenvolvimento e teste de hardware os jornalistas passaram pelos vários laboratórios, começando pelo laboratório de certificação e conformidade (CETLAB), onde os equipamentos que vão chegar a casa dos clientes são experimentados em condições de interoperabilidade, performance mas também resistência a condições extremas de alterações climatéricas e sobrecargas elétricas, assim como na emissão de radiações e de ruído.
No Laboratório de testes e industrialização de hardware o ambiente é mais controlado, e a necessidade de evitar a contaminação com estática fez com que a sugestão fosse de “não mexer em nada”. Entre as várias bancadas de desenvolvimento e testes foi possível ver os novos ONTs que estão em desenvolvimento, os equipamentos terminais para redes de fibra ótica que já estão instalados nos Estados Unidos – mais de 120 mil - e que também estão a chegar às novas instalações de fibra em Portugal.
A última visita foi realizada no Laboratório de Ensaios Ambientais, onde os ensaios de sobretensão, vibração sinusoidal e potências de consumo energético são realizados, entre outros ensaios mecânicos e certificações de conformidade.
Alcino Lavrador explicou ao TeK que a componente de desenvolvimento de protótipos é uma área muito importante para garantir a continuidade da inovação na PT e no Grupo Altice, porque os produtos e serviços são desenvolvidos e adaptados às necessidades das operadoras. A opção do grupo tem sido também por fabricar preferencialmente em Portugal, o que o executivo garante que é uma opção racional mesmo face às opções disponíveis em mercados como a Ásia, já que se evitam custos de transporte e problemas com a qualidade final.
Embora a visita tenha sido realizada essencialmente aos laboratórios de desenvolvimento de hardware, onde há mais “material” para mostrar, esta área representa apenas 1/3 da atividade da PT Inovação, sendo os restantes 2/3 desenvolvimento de software, onde se incluem as equipas que fazem desenvolvimento para os serviços móveis, de televisão e Internet, entre os quais os engenheiros que foram transferidos do SAPO para Aveiro.
Depois dos rumores de que a Altice estaria a considerar a venda da PT Inovação, a centralização do “centro de comando” do novo Altice Labs em Aveiro pode trazer uma reanimação da atividade da unidade, uma ideia que é partilhada por Alcino Lavrador e por Alexandre Fonseca, que garantem que o potencial de conseguir alargar a área de influência é agora maior.
Nota da redação: a notícia foi atualizada com mais informação durante a conferência.
Fátima Caçador, em Aveiro
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