Foi hoje apresentada a nova estratégia da Radiomóvel, a empresa que se especializou na oferta de comunicações móveis para o mercado profissional. Depois de ter visto a sua base de clientes diminuir face à concorrência do GSM, a Radiomóvel surge agora reanimada depois da aquisição pela Inquam, uma empresa inglesa que está a apostar na tecnologia da trunking - comunicações móveis de recursos partilhados.



Procurando reanimar um mercado quase extinto em Portugal, a Inquam adquiriu em Outubro de 2002 a Radiomóvel e mais recentemente a Repart, reunindo desta forma a base de clientes e a infra-estrutura de trunking que as duas mantinham. Esta empresa inglesa foi criada em Outubro de 2000 pela Qualcomm e a Omnia e especializou-se nas comunicações móveis profissionais através da tecnologia TETRA (Terrestrial Trunked Radio) e CDMA-PAMR, estando actualmente a operar numa base pan-europeia, que inclui Portugal, Espanha, Reino Unido, Marrocos e Roménia.



A Inquam detectou as falhas de evolução do mercado realizadas pelas duas empresas adquiridas, quer em termos de falta de investimento no desenvolvimento da rede quer da divulgação da tecnologia de trunking, e durante este ano conseguiu obter da Anacom uma alteração da licença detida pela Radiomóvel para começar a operar na tecnologia CDMA-PAMR. Esta concessão da licença gerou bastante polémica por parte dos restantes operadores móveis, que contestaram principalmente a atribuição gratuita.



James Haas, director da Inquam, afirmou que tanto quanto a empresa sabe a maior parte das licenças de telecomunicações em Portugal foi de atribuição gratuita e que por isso esta não é diferente. Apesar de funcionar sobre a tecnologia CDMA - utilizada em diversos países do mundo como suporte das comunicações móveis em alternativa ao GSM - a Radiomóvel deverá manter-se focada na sua área de negócio de redes profissionais partilhadas não tendo para já intenção de competir directamente com as redes GSM no serviço.



Este responsável explicou ainda a opção da Radiomóvel pela tecnologia CDMA-PAMR em detrimento da até agora usada TETRA. De acordo com James Haas seria necessário um investimento maior para conseguir uma cobertura do país com qualidade suficiente para assegurar um bom nível de serviço, para além de que o suporte na tecnologia CDMA permite um maior desenvolvimento em termos de funcionalidades e ainda obter terminais mais baratos.



Para desenvolver o serviço em Portugal a empresa tenciona este ano reforçar a cobertura de rede. Até 2006 o investimento cifra-se em 140 milhões de euros - que inclui algum investimento já realizado, mesmo na aquisição da Radiomóvel e Repart - prevendo a empresa aumentar o número de assinantes do serviço até 180 mil neste ano, o que deverá corresponder a 2% do mercado móvel em Portugal. Financeiramente a empresa prevê um EBITA positivo em 3 anos e um cash-flow positivo em cinco anos.



Actualmente a Radiomóvel e a Repart têm em conjunto 8,7 mil clientes, sendo que quase dois mil estão ainda suportados em duas redes TETRA mantidas em Lisboa e Porto. Estes clientes são a Carris e a STCP, para além da Rodoviária de Lisboa, o Metropolitano de Lisboa e o Aeroporto Sá Carneiro no Porto.

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