A Radiomóvel está a concluir o processo de migração da tecnologia trunking para a rede digital CDMA, uma aposta que a empresa considera decisiva para duplicar o actual número de clientes até final do ano. Iniciado em 2003, o processo e digitalização da rede é gerido pelo novo accionista maioritário, a britânica Inquam, que tem um plano de investimentos de 160 milhões de euros a aplicar até final do próximo ano.



Este investimento serviu para a modernização da rede e para a aquisição do único concorrente nacional da Radiomóvel, a Repart, que passou a centralizar a oferta analógica (Tetra) e de trunking da empresa.



Nas duas unidades de negócio o grupo detém actualmente 8 mil clientes e quer até final do ano chegar aos 20 mil. A rede digital deverá ser o principal veículo de crescimento, praticamente concluída (conclusão prevista para o final de Maio) e com uma cobertura de 95 por cento da população, através das 200 estações base instaladas no país.



O primeiro serviço suportado na nova rede permite a comunicação de voz entre vários utilizadores em simultâneo, através de um equipamento móvel em sistema push-to-talk. Disponível há quase um ano, o serviço foi lançado com maior visibilidade em Novembro do ano passado e acumula hoje cerca de mil clientes, metade migraram da antiga infra-estrutura, os restantes foram já angariados pela empresa no mercado.



Em preparação está um serviço de dados que permite a ligação remota à Internet ou às VPNs das empresas a 2,4 Mbps no downlink, o Telemodem. O novo serviço não tem ainda data de comercialização nem preços definidos. Para já irá focar-se no mercado empresarial, tal como o primeiro, mas a médio prazo a empresa admite poder tirar partido da sua infra-estrutura nacional, sobretudo nos dados, para cobrir zonas remotas do país ou captar outros nichos específicos.



Os planos de expansão da Radiomóvel prevêem atingir os 180 mil clientes até 2006, altura em que o número de empregados deverá ter aumentado para 280, contra os actuais 80. Para prosseguir os planos de expansão a empresa depende, no entanto, de aprovação da Anacom que recentemente ameaçou retirar as licenças CDMA à empresa.



O regulador, num processo que se arrasta à vários meses, fez saber que a Radiomóvel não cumpriu todos os aspectos consagrados na sua licença o que pode comprometer a disponibilide das frequências. Na deliberação conhecida em Abril, o regulador refere que a Radiomóvel não promoveu a migração dos seus actuais clientes para a nova tecnologia, conforme define na licença.



João Barbosa, director geral da empresa refuta esta acusação e considera que o projecto de decisão da Anacom não teria sido este, caso tivesse havido maior diálogo com o operador. "A migração é uma decisão do cliente, que tentámos promover através de várias medidas como a oferta de equipamentos, por exemplo", explica acrescentando que "quando a Radiomóvel percebeu que existiam alguns clientes sem interesse em migrar para a nova tecnologia encontrou forma de assegurar serviço suportado nas tecnologias antigas, com a compra da Repart".



A Radiomóvel tem até ao próximo dia 23 de Maio para apresentar os seus argumentos ao regulador e tentar desbloquear a situação.



A empresa tem também em apreciação pelo regulador um pedido de licença para operar no rede fixa, que pretende utilizar para complementar o seu portfólio de serviços. Até final do ano a operadora conta instalar mais 40 a 50 estações base para garantir uma melhor cobertura CDMA.



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